sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um clichê ou o que?

- Ana, preciso te contar uma coisa.
-Conta.
-Sabe ontem? Que eu disse que ia estudar e por isso a gente não podia mais sair?
-Sei.
-Então... Eu menti.
-Eu sei.
-Como sabes?
-Porque não sabes mentir, deixas dúvidas, quem mente tem que pensar em todas as perguntas possíveis.
-Verdade, desculpa Ana.
-E a verdade, por falar nela?
-Bom... Fui encontrar com uma pessoa.
-Uma menina?
-Sim.
-Pra ficar?
-Sim.
-Hum...
-Fala alguma coisa, Ana.
-Mentira é a única coisa que eu não deixo passar, Pedro.
-Poxa, pelo menos eu contei a verdade Ana, eu poderia ter um desconto.
-Sabe, esse que é o problema de muita gente de hoje, acha que verdade é um favor que fazem para as pessoas. A verdade é uma obrigação Pedro, mas as pessoas fogem de obrigação, então inventaram que a verdade era um tipo de compaixão pela pessoa à quem mentiu, mas não é.
-Mas Ana, eu não queria te machucar.
-Claro, porque eu ficaria muito feliz quando daqui a duas semanas, se o encontro desse certo, me trocasses por uma pessoa que pode sempre estar contigo, eu realmente estaria salva de qualquer ferida que pudesses me causar.
-Não, poxa, eu não queria que ficasses chateada e eu nem sabia se o encontro ia dar certo mesmo, tenta entender, a gente nem tem nada Ana, a gente nem pode ficar juntos
-Pedro, eu sempre dei liberdade para contares qualquer coisa para mim, qualquer coisa, podia ser qualquer coisa ruim, mas verdade é primordial em qualquer relação que exista sentimento, qualquer relação.
-Eu sei, desculpa Ana, não pensei nisso.
-Eu tinha o direito de escolher...- algumas lágrimas caiam em seu rosto- Eu tenho o direito de escolher se eu quero ser a segunda opção de alguém ou não, eu tenho direito Pedro. Eu tenho o direito de saber que eu estou sendo trocada, desamada, esquecida, eu tenho o direito de me sentir à vontade para seguir minha vida, eu tenho o direito.
-Mas Ana, a gente tá numa situação assim, sem nomes, sem nada, a gente nem pode se ver... Isso acontece, a gente não combinou nada e podes, sim, viver tua vida, não te impeço de nada.
-Quando a gente gosta de alguém, como eu gosto de ti, qualquer fio de esperança é o que segura a gente até arrebentar de vez. Tá do teu lado, tá tentando tá do teu lado é meu fio, eu tinha o direito de saber que meu fio não adianta mais, que minha esperança é em vão. Eu nunca vou te largar por opção, só por consequencia.
-O que queres dizer com isso?
-Que eu não quero mais nada disso, que podias ter me dado a opção de tá do teu lado sabendo que era segundo plano: eu ficaria Pedro. Eu teria tempo de estar preparada emocionalmente pra essas coisas, sabes o quanto eu tenho medo e o quanto eu gosto de me proteger, mas preferiste escolher por mim, me fazer de boba e agora, como consequencia da minha decepção, eu tô largando toda essa misturada de sentimento que eu sinto por ti, tô te largando Pedro.
-Mas Ana, eu percebi que te amo.

Clichês da vida: uma mentira, uma menina decepcionada e um homem que, depois de perder quem alimentava seu ego, descobriu que amava.

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