terça-feira, 29 de junho de 2010

- És o frio, Miranda.
- Frio? Não pensei que te fizesse mal.
- E não faz.
- Então?
- Do que sentes falta no frio?
- De calor.
- Pois então.
- ...
- Me fazes querer calor e, sendo o único corpo aqui, me trazes pra perto de ti.

domingo, 27 de junho de 2010

"As pessoas têm essa mania chata, essa necessidade de idealizar relações e outras pessoas. A gente sabia que não era pra sempre, de jeito nenhum. A regra é se conhecer, se curtir, tentar ficar junto, descobrir belezas, transformar em defeitos, cansar, separar e sofrer. Não pra mim. Não idealizo e não espero, então nada pode me frustrar."
“(…) Era melhor perdoar-lhe as fraquezas do que ser exilada dos seus prazeres. Entretanto, essa perspectiva também me asssutava. Eu aspirava à transparente fusão de nossas almas; se ele tivesse cometido pecados tenebrosos, ecarpar-me-ia, no passado e mesmo no futuro, porque nossa história, falseada desde o ínicio, não coincidiria nunca mais com a que eu inventara de nós. ” Não quero que a vida se ponha a ter outras vontades que não as minhas”, escrevi no meu diário. Eis, creio, qual era o sentido profundo da angústia. Ignorava quase tudo da realidade; no meu meio, ela surgia mascarada pelas convenções e pelos ritos; tais rotinas me aborreciam, mas eu não tentara ir as raízes da vida; ao contrário, evadia-me para as nuvens: era uma alma, um puro espírito, só me interessava em almas e espíritos; a intrusão da sexualidade fazia estourar esse angelicalismo: revelava-me bruscamente, em sua temível unidade, a necessidade e a violência. (…)”

sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três outros rostos que amei
Num delirio de arquivistica
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos." 
Daqui, ligando pontos, encaixando peças, eu me surpreendo: não tive muita coisa que eu queria, mas tive tudo de que eu precisava.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O que está acontecendo afinal de contas? Perdi livros, pastas e até minha pinça de aço novíssima, me bato na mesa, na cama, na escada e ainda continuo achando graça da velha que caiu do palco no dia da minha apresentação.
Eu fico de boa, eu fico com raiva e tem dias que me sinto a pessoa mais especial do mundo, acho até que sou a melhor companhia para alguém que procura boas companhias e tem dias que agradeço pelos meus ex-qualquer-coisa por eles estarem longe.
Minha gastrite vai atacar, eu sei disso, mas não sei onde o remédio tá, eu não sei onde tá mais nada.
Afinal de contas ficou tudo bem.
Eu encontrei uma outra pessoa legal, que me entende, que conversa, que conta as coisas e beija bem. Eu já escapei algumas vezes, fugi até da festa para encontrar com ele em um apartamento vazio, tudo sem medo e divertido. Não me preocupo mais com tantos sentimentos assim, não fico com raiva pelo menino mais novo que não me procura mais, nem com a história que ouvi sobre o meu "grande acontecimento do ano"- quase ex-namorado- tudo bem que, quando ouvi o nome dele de novo junto ao nome de outra mulher, fiquei... Sei lá, constrangida acho, não foi chateada nem com raiva, foi uma coisa mais branda com uma pitada de vergonha e um geladinho na barriga, mas depois dei graças a Deus por não ter mais nada com isso.
Afinal de conta as coisas se acertaram, eu estou menos medrosa, menos pessimista, menos implicante, menos estressada e menos aquela pessoa com quem vivi durante muitos anos, meu antigo eu.
Mas, apesar de toda a felicidade e satisfação, junto com isso vem um vazio minúsculo do estilo daqueles cortes pequenos que ardem de vez em quando e que todo mundo toca justamente onde ele está. Arde, quando vejo minha melhor amiga- ciumenta, egoísta e impaciente- olhar de um jeito bobo para o namorado mais novo dela que a faz sentir ciúme um dia sim, um dia não. Eu não sinto ciúmes. Arde, quando escuto os problemas de um relacionamento, as vezes até os mesmo que já tive, de uma amiga que não sabe mais o que fazer com o namorado mentiroso. Eu não tenho problemas. Arde, quando percebo que ao meu redor existem pessoas que procuram exaustivamente achar um amor, alguém legal pra passar o tempo e dividir a pipoca do cinema, que é muito grande. Eu não procuro.
Afinal de contas talvez eu só esteja aprendendo a lidar comigo novamente, depois de passar anos tentando me encaixar e ter uma história parecida com algum roteiro de filme, tomei vergonha na cara e resolvi assumir meu lado indiferente as coisas nem tão necessárias assim. O mal de gostar de romances, de novelas, de filmes de comédia romântica é que você se liga muito nos detalhes, no meigo que seria seu namorado lembrar que a cor do seu sapato no primeiro encontro de vocês era marrom meio esverdeado com uma florzinha amarela- nunca use um sapato desse- você, depois de ler muitos textos da Tati Bernardi, do Caio F. de Abreu e assistir 5 vezes "de repente 30" acaba achando lindo como os problemas unem as pessoas, como a história fica bonita no final, como é suave e grosseiro a tristeza, a melancolia de estar só, de se sentir sem metade, de achar ter tido uma metade.
Foi então que comecei a ver coisas onde não tinha. Nesse momento pensei que o que me aconteceu era um desafio que deveria ter passado para ficar com o homem da minha vida, achei no azul do olho dele uma calma tirada das profundezas de Rory Gilmore, sentia falta de coisas bestas, coisas que poderia encontrar em outra pessoa de um modo até melhor. Comecei a ver tantas coisas que me perdi na real história, não sabia onde começava o que realmente acontecia com a gente e onde terminava meus devaneios.
Hoje, depois de tudo, de todos e mais um pouco, percebi que Tati Bernardi, Caio F. de Abreu e as cinco vezes que assisti "de repente 30" me levaram a ser uma pessoa que eu queria encontrar em mim, uma pessoa apaixonada, ligada em detalhes, que pudesse entender a dor dos alheios, mas que eu não era. Procurei por muito tempo achar qualquer coisa parecida com as coisas que lia, que escutava, que via, acabei achando em algo que não tinha nada a ver.
Provavelmente, futuramente, posso até gostar do meu canoa, sabe? Da carinha que ele faz quando passo a mão no cabelo dele, do modo como ele fecha os olhos ao sentir minha boca no pescoço, quando respiro perto, das sardas nos ombros, da magreza, da barba, dos gemidos baixinhos e dos dentinhos tortos. Pra falar a verdade meu eu antigo já gosta dele e sente um grão de saudade.
Ficar vazia tem me dado mais espaço para eu saber quem eu realmente sou, quem eu quero ser, é como redecorar uma casa, jogar fora todos os móveis que sua mãe te deu e comprar sozinha as coisas do seu gosto, tudo na vontade de se sentir mais em casa, pra aquele lugar parecer mais seu, não porque você tenha um documento dizendo que é, mas pelo fato de ter o seu cheiro, as suas cores e mais do que um porta retrato juvenil e animado na mesa de centro.
Joguei fora o vaso piegas cheio de rosas mimadas, doei o sofá bege que cheirava a comodidade, pintei o tapete- eu mesma- e ele sorri para mim toda vez que entro em casa, me livrei do gato de olhos azuis, nunca gostei de gatos, comprei um cachorro carente que coloca a cabeça por baixo da minha mão para receber o cafunédormíamos até eu sair de casa, é um quadro simples, de ninguém importante, dado por alguém desconhecido. É um vaso, com flores azuis, rosas e brancas e não combina nada com minha parede, mas faz com que eu sinta a presença dela perto do sofá, junto de mim, em tardes de Domingo.
E as coisas andam assim, afinal ficou tudo bem.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Não te desejo mal algum. Espero que tenhas uma vida feliz.
Mas espero também que, em algum momento da tua vida, te sintas um nada como eu me senti, que alguém pise em ti como eu fui pisada, não é por maldade que desejo isso. Desejo isso para que, quando te sentires um nada, percebas que ser nada não é pior do que ser exatamente o que continuas sendo: uma pessoa vazia.
Espero que enquanto sejas nada tenhas a capacidade de esquecer teu umbigo e percebas que ao teu lado existem outras pessoas que também estão assim. Espero que tenhas serenidade para não deixar a raiva tomar conta aos poucos do bem que te habita, do pouco bem que te veste. Vais precisar de tudo isso para fazer com que as pessoas ao teu lado se sintam melhor.
Quando parares de olhar a tua mão, a tua cabeça, os teus pés, a tua dor, conseguirás ver que podes compartilhar tristezas e esperanças, verás que o nada, nada mais, é do que solidão e solidão cura-se com companhia.
Espero que quando tudo isso te aconteça, percebas, como eu percebi, que não queres que ninguém seja nada junto de ti. Espero que essas lembranças de agonia aflorem toda vez quando sentires o nada em outra pessoa, espero que isso te faça ser mais humano, mais homem. Não o homem no substantivo da palavra, não o homem de sexo, mas o homem de ser humano, homem de coração, de cabeça, esse homem.
Ser nada me fez tudo que sou hoje, ser nada quebrou o círculo vicioso de repassar o maligno, quebrou a expectativa de vingança e ser nada me surpreendeu.
Espero que o nada te habite e que abra espaço para seres tudo que as pessoas merecem de ti, espero que a partir de nada passes a merecer tudo que as pessoas fazem por ti e que o nada te dê uma segunda chance de mudar a tua história, não somente a tua, mas a de todas as pessoas que por ti passarem.
Todo mundo um dia deveria ser nada. Todo o mundo um dia deveria ser nada.
E agora, que você anda por alguma parte da casa cheia de livros e tristeza, eu ando por mim, tentando e pensando em ser melhor para você. Você me aceita? Meu pé coça para voltar.
Sinto falta do seu colo, da sua boca e de seu sofá. Você me aceita? Eu pergunto no meio desse vai-e-vem que é ter orgulho e sentir amor.
Ai, o João tem razão. É tão mentira essa alegria escrita, falta tanta coisa nela, não sinto a doçura, nem a leveza de quando estamos felizes, de bem com qualquer coisa, não sinto a doçura em texto nenhum.
Talvez as alegrias sejam tão particulares que não nos passam o sabor real, o doce disso talvez seja subjetivo, mas o azedo é igual, todo mundo sabe, limão é limão em qualquer lugar, fel todo mundo conhece
Ou talvez precisamos equilibrar a felicidade e tristeza, para não ficar tão doce ou tão azedo, algo como pé-de-moleque, amendoim e açúcar.
Não, acho que não, João tem razão, não tem?
Vou deixar, por fim, a alegria em paz, acho que ela não se sente a vontade dentro desse cubinho onde escrevo, tudo bem.

Porque deveria eu pelos outros sofrer
quando ninguém por mim irá suspirar?
Promessa desfeita, janela aberta
Vejo quem passa sem culpa.
Desculpa, sou assim: o que hoje digo amanhã esqueço
O que nomeio banquete na janta me provoca repulsa no dia seguinte.
Prometo que um dia mudo
Enquanto isso mudo a promessa.
Desfaço-a enquanto fecho a janela para dormir. 
E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana.
E fazendo isso, eu só consigo te amar mais ainda.
E a gente vai por aí, se completando assim meio torto mesmo. E Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado.
“Não te aceito, não te perdôo, quero-te como és e e se possível ainda pior do que és agora. Porque este Bem que eu sou não existiria sem esse Mal que tu és. Um bem que tivesse que existir sem ti seria inconcebível, a tal ponto que nem eu posso imaginá-lo enfim, se tu acabas eu acabo. Para que eu seja o Bem é necessário que tu continues a ser o Mal. Se o Diabo não vive como Diabo, Deus não vive como Deus. A morte de um seria a morte do outro.”

domingo, 20 de junho de 2010

“Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”

terça-feira, 15 de junho de 2010

pois é, se quiser ria como você costuma rir para se defender. não estou me defendendo de nada. estou perguntando a você se permite que eu tenha carinho por você. Mas estou aqui, continuo aqui não sei até quando, e quando e se você quiser, precisar dê um toque. te quero imensamente bem, fico pensando se dizendo assim, quem sabe, de repente você até acredita. acredite.''
Ele pra ela: Eu gosto de você.
Ela pra ele: Gosta? E desde quando gostar é querer ver o outro pelas costas? É querer humilhar, trair e desmoronar? O meu gostar por você era nada disso. Era querer-te sempre perto. Era cuidar. O meu gostar por você era fazer leite quente antes de dormir. Era ligar pra saber se estava tudo bem quando demorava pra chegar. O meu gostar por você era medir a temperatura pra ver se a febre tinha passado. Era ficar horas no telefone quando você perdia o sono. Era querer te ver sorrindo. Era querer-te bem. O meu gostar por você era passar a noite inteirinha na rede e bordar planos no tecido da noite. Era remendar os trapos que você espalhava pela casa com os teus 'eus'. O meu gostar por você era assim. Não isso duro que você me fala. Não isso seco, isso farpa, isso caco de vidro. O meu gostar por você não se mede em frascos, mas em doses de paciência e atenção, carinho e cuidado. Mas o que você me dá é pesado e eu não aceito. Porque o teu gostar por mim tem que ser leve, tem que se lindo, tem que ser limpo."

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Luz dos olhos

Só pra você escutar a nova música que eu fiz agora. Lá fora a rua vazia chora... Pois meus olhos vidram ao te ver. São dois fãs, um par. Pus nos olhos vidros, pra poder melhor te enxergar, luz dos olhos para anoitecer é só você se afastar.
Pinta os lábios para escrever a sua boca é minha...Que a nossa música eu fiz agora.
Lá fora a lua irradia a glória e eu te chamo, eu te peço: Vem!
Diga que você me quer, porque eu te quero também!
Faço as pazes lembrando, passo as tardes tentando te telefonar, cartazes te procurando, aeronaves seguem pousando sem você desembarcar, pra eu te dar a mão nessa hora. Levar as malas pro fusca lá fora....
E eu vou guiando. Eu te espero, vem...
Diga que você me quer,porque eu te quero também e eu te amo! E eu berro: Vem!
Grita que você me quer, que eu vou gritar também!

altar particular

Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje, sinto que
o tempo da cura tornou a tristeza normal
Então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós
Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós.

primeiro andar

Vou lá, andar e o que eu vou ver? Eu sei lá.
Não faz disso esse drama essa dor, é que a sorte é preciso tirar pra ter. Perigo é eu me esconder em você
e quando eu vou voltar, quem vai saber?
Se alguém numa curva me convidar, eu vou lá, que andar é reconhecer, olhar.
Eu preciso andar um caminho só, vou buscar alguém, que eu nem sei quem sou.
Eu escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você. Guarde um sonho bom pra mim
- A angunstia tem formato de vaso
- Porque de vaso?
- É assim... e na garganta já próximo a boca fica um nózinho
- Verdade
- Sabe, quando eu choro, parece que o vaso quebra e alguns pedaços vão embora
mas outros se esparramam no fundo da minha barriga.

sábado, 5 de junho de 2010

Que eu não me encabule jamais por sentir ternura. Que eu me enamore com a pureza das almas que vivem cada encontro com os tons mais contentes da sua caixa de lápis de cor. Que o Deus que brinca em mim convide para brincar o Deus que mora nas pessoas. Que eu tenha delicadeza para acolher aqueles que entrarem na roda e sabedoria para abençoar aqueles que dela se retirarem.
Não há lugar para onde correr: as mudanças, quando precisam acontecer, sabem como nos encontrar.
Nas entrelinhas dos gestos aparentemente mais tolos, das falas mais desconexas, dos silêncios mais barulhentos, às vezes está escrito com maiúsculas, fonte tamanho 72, em negrito, apenas isso: “Por favor, me ajuda!”.

Acostumados com as evidências, acomodados com as aparências, tantas vezes medrosos, em geral, não conseguimos ler.
Desejo que o seu melhor sorriso, esse aí tão lindo, aconteça incontáveis vezes pelo caminho. Que cada um deles crie mais espaço em você. Que cada um deles cure um pouco mais o que ainda lhe dói. Que cada um deles cante uma luz que, mesmo que ninguém perceba, amacie um bocadinho as durezas do mundo.
Olhando daqui, percebo que pessoas e circunstâncias tiveram um propósito maior na minha vida do que muitas vezes, no momento de cada uma, eu soube, pude, aceitei, ler. Parece-me, agora, que cada uma, no seu próprio tempo, do seu próprio modo, veio somar para que eu chegasse até aqui, embora algumas vezes, no calor da emoção da vez, eu tenha me rendido à enganosa impressão de que veio subtrair. A vida tem uma sabedoria que nem sempre alcanço, mas que eu tenho aprendido a respeitar, cada vez com mais fé e liberdade.

O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma. Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura. A gente não precisa de certezas estáticas. A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar. De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura. De duvidar até acreditar com o coração isento das crenças alheias. A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos. A gente precisa é de um olhar fresco, que não envelhece, apesar de tudo o que já viu. É de um amor que não enruga, apesar das memórias todas na pele da alma. A gente precisa é deixar de ser sobrevivente para, finalmente, viver. A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz a partir do único lugar onde a felicidade pode começar, florir, esparramar seus ramos, compartilhar seus frutos.

Tudo o que eu vivi me trouxe até aqui e sou grata a tudo, invariavelmente. Curvo meu coração em reverência a todos os mestres, espalhados pelos meus caminhos todos, vestidos de tantos jeitos, algumas vezes disfarçados de dor.

Eu mudei muito nos últimos anos, mais até do que já consigo notar, mas ainda não passei a acreditar em acaso.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

ontem me fez o hoje que me faz viver o amanhã.

Eu me sinto tão leve por não ter nada e por isso ter tudo.
Estou bem com companhias nada certas que não falam de seus sentimentos, mas que sempre estão ali e que dizem com os olhos não querer estar em outro lugar.
Não tenho responsabilidades, compromissos, preocupações com nenhum deles, mas mesmo assim acordo cheia de alguma coisa que me bota um sorriso na cara e me faz levantar cantando.
Amanhã é mais um dia que mais alguma coisa pode acontecer mais de repente que tudo antecedido de hoje. E amanhã é tão legal, eu ainda nem cheguei lá, mas é tão legal... Por ser melhor do que ontem foi pra mim, porque amanhã eu vou acordar sem pesos na consciência e, se duvidar, sem consciência. Porque o hoje deixou um recado no meu ouvido dizendo que amanhã tenho uma surpresa. Tem sido assim todos os dias.
É tudo tão simples e tão complexo, que me diverte. Eu me divirto até com as besteiras que solto, que faço e não penso. Eu não penso, porque amanhã já chegou e não tenho tempo para reparar as besteiras.
Passei um bom tempo me sentindo nada e hoje eu estou me sentindo tudo, levo uma bagagem cheia comigo, porém leve... Eu me sinto tudo, tudo que não me senti, tudo que já sentiram de mim, tudo que viram em mim, eu me sinto tudo, tudo que eu puder dar, tudo que eu puder ser, tudo que eu puder fazer, eu me sinto, tudo é muita coisa, mas é leve... Eu me sinto merecida, eu ando me merecendo e merecendo tudo que tenho ganhado, mereço ser tudo.
Não desconfio mais de tanta felicidade que me dão, de tanta atenção que me dão, de tanta admiração que me dão, de tantos beijos que me dão, pelo amor de Deus, eu mereço tudo. Eu mereço.
E pode vir o que for, eu mereço. Pode ser o que for, eu aceito. Pode tocar quem for, me toque. Pode falar o que quiser, eu escuto. Pode descer os céus, eu subo. Pode ser amor e eu amo. 

Alguém como você do lado

Vamos lá, pega minha mão... Eu sei que você quer, ela passa segurança, não é verdade? Por mais que seja por pouco tempo, ela passa proteção, não é verdade? Mesmo que sempre eu vá embora, ela deixa gosto de quem vai ficar, não é verdade?
É verdade.
Um dia você terá mãos assim, quando tiver alguém como você do lado.
Eu sou grande olhando debaixo, não é verdade? Não pelo meu tamanho, você sabe, eu só tenho 1,58. Meu coração é grande bem como as marcas que nele encontras, eu sou grande quando me sentes e sentes tudo que guardei para alguém que não usou.
Mas você será assim também, quando tiver alguém como você do lado.
Te seguro firme e me sentes forte, te beijo a boca e sou terna. Mas eu sou tão decidida que te deixo confusa, não é verdade? Porque me decido muitas vezes, nas poucas vezes que nos encontramos.
Você confundirá alguém, quando tiver alguém como você do lado.
Deixa de besteira, por que não diz que veio aqui para me ver? Para que usar de mentirosas omissões e silenciosas desculpas esfarrapadas? Não tenha vergonha, deixa eu te falar também que estou aqui, no lugar de sempre, com a novidade de te esperar, que hoje sento na escadinha olhando de banda para ver se noto tua sombra em meio as outras, não tenha vergonha.
Você deixará de besteira, quando tiver alguém como você do lado.
Eu gosto dos seus beijos, eu gosto dos seus carinhos e do modo como sua pele eriça quando roço meus lábios em seu pescoço. Eu gosto da sua beleza que não me satisfaz, gosto da sua voz e as vezes que me faz rir. Gosto do seu perfume, dos seus cento e poucos sinais e sorrio sozinha ao lembrar da vez que correste para me beijar antes de eu ir embora. Eu gosto quando voltas e pedes mais um beijo, eu gosto de te beijar.
Você vai entender tudo que escrevo, quando tiver alguém como você do lado.

Ai, menino

Minha última tentativa começa e o soçobrado que agora maniqueísta vai rompendo os elos, eu já te sinto sumir, menino, e eu confesso sentir uma paz insolente, dessas sem vergonha, e, ai, menino, como é bom descrer das coisas, como é bom tropeçar sem sentir doer os pés, mas no fundo eu sei menino, que volta. Tudo vem voltando, mas eu sei também que não é de todo mal e que no fim eu supero a dor, é assim, menino, dependência gera estabilidade quando se pondera a falta de sanidade. Agora que o cansaço me impera vou deitar-me e continuar vivendo. Dormiu