sábado, 26 de fevereiro de 2011

Leia até onde puder

Quando aceitamos a ideia de nos dar a alguém, e a partir desse acordo pertencemos a essa pessoa, porque assim foi acertado, porque queres me beijar a mim, se eu não sou a parte que te pertence? Qual é a pretensão que te firma o desejo do que não é teu? Qual a necessidade de mentira na verdade e qual é a necessidade de verdade na mentira? Porque me queres beijar a mim, se a minha boca não é a tua boca e a tua boca não é minha?
Porque há o erro na incerteza do concreto? Porque me beijar é mentir pra mentira anterior e o que faz de uma mentira melhor ou pior que outra? Mentira é mentira até que se prove o contrário e verdade é verdade até que se prove o contrário. Porque há culpa? E porque há satisfação na culpa? E porque há culpa na satisfação?
Se eu, tu e ele somos amor, quem é o maior amor? Se a verdade que é mentira é mentira por ter sido um dia verdade, como há espelhos e inversões, quem é o maior amor: A verdade ou a mentira? Quem é a maior verdade: A mentira ou o amor? Quem é a maior mentira: O amor ou a verdade?
Não há verdade, não há mentira, não há amor. Não há resposta, não há tamanho. Todos nós que aqui chegamos desconstruímos o amor por opção própria, agora o amor acabou, a verdade e a mentira. Acabou a certeza e a convicção, porque verdade é mentira e é amor, porque mentira é amor e é verdade e porque amor é verdade e é mentira. Nós matamos o amor, o amor não existe, e só pela ínfima inexistência, ele existe.
Porque amor é contrário até que se prove amor.
Ou é amor até que se prove o contrário.