quinta-feira, 27 de maio de 2010

As coisa pequenas

A frase mais sábia que ouvi essa semana foi: " Mas o picolé gelado me acalma". Minha prima de quatro anos, portadora de necessidades especiais, respondeu isso, quando o mendigo disse que picolé fazia mal... Eu me senti uma criança, porque picolés me acalmam também, o geladinho descendo na garganta faz com que o pensamento no que está errado se esvaia dando lugar à dormência na língua e a preocupação inicial boba, a qual eu sempre tenho, de que posso gripar, mas tanto faz... O picolé gelado me acalma.
Se nós fossemos contar quantas coisas que nos fazem mal dão a sensação de bem-estar, perderíamos um bom tempo de nossas vidas. Coisas como: deixar de fazer o dever de casa para rir um pouco de um filme de comédia, aceitar o convite de um ex-namorado- que te deu um pé na bunda- para sair, tomar banho de chuva descalço na rua, ficar deitado na areia sentindo o sol quente no rosto, os fumantes e alcoolatras entram nessa teoria também.
Coisas pequenas, simples, que alguns fazem de vez em quando e outros fazem quase sempre.
Afinal, coisas pequenas, que fazem bem ou não, são as que preenchem nossas vidas, sabe? São as coisas que, enquanto temos, não nos fazem falta. Essas coisas, que quando faltam, dão aquela sensação de perda, aquele típico caso de "eu não sei o que é, mas sei que tá faltando alguma coisa". São parte desse quebra-cabeça, de infinitas peças, que é a nossa vida, onde a cada dia que passa o número de peças aumenta e a nossa percepção diminui, consequencia da vista cansada de tanto procurar uma peça chave, que completa a figura de um caminho no quebra-cabeça. Uma peça de nome comprido, mas de proporção pequena, a tal peça chave de que todos falamos e que, às vezes, pensamos ter achado: a felicidade.
Eu sempre pensei que felicidade não fosse coisa grande, e que também não fosse para gente grande, porque, quando crianças, ficávamos quase sempre felizes com qualquer besteira, com qualquer bobagem que brilhasse, fizesse barulho ou que fosse diferente. Nessa fase, a de criança, o quebra cabeça ainda falta tanto para ser completo. Essa fase onde as peças ainda são grandes e o diferente é abundante. Fase dos porquês, das manhas, do falar de sentimentos sem saber o que são. Será que uma criança sabe o que é amor? Será que uma criança sente o amor pelo outro? Portanto, de onde vem esses adultos insensíveis e amargurados?
A gente cresce, o número de peças aumenta, o medo de não completar o quebra-cabeça surge e são tantas figuras de caminhos, são tantas figuras, que muitos acham melhor deixar de procurar a peça chave e vão completar seu jogo sem ela, afinal é uma pequena peça, pode não fazer falta.
É então que os que tiveram disciplina, para continuar montando o quebra cabeça e continuar procurando a peça chave, descobrem que a que está faltando pode ser substituída por reservas, pode não encaixar muito bem, mas que não fica tão ruim. É quando isso acontece, que os que souberam aproveitar o tempo, percebem que na caixa do quebra cabeça vem escrito: Felicidade. Os descrentes acham isso uma brincadeira sem graça e que o nome do jogo é esse pela falta da peça. Mas os que sentem, os que acreditam e os que tentam compreender as coisas, tem discernimento suficiente para entender que o nome foi atribuído para a coisa errada e que a felicidade não é uma pequena peça que falta no quebra-cabeça e sim todas as figuras de caminhos que foram construídas, as peças como um todo, e quanto mais caminhos montamos, mais felizes somos e, por fim, descobrimos que a lição é que as pequenas coisas, juntas, são o que tanto procuramos.
Tudo que quero dizer está na ponta dos dedos.
Não faz diferença se você vem amanhã, ou não vem. Desisti de esperar por alguém, cuja ausência me faz companhia.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu quero um amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte o amor feinho é magro,doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala ,faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho não tem ilusào,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.
"Fala sem orgulho ou medo
que a força de pensar em mim sonhou comigo
e passou um dia esquisito,
o coração em sobressaltos à campanhia da porta,
disposto à benignidade, ao ridículo, à doçura.
Fala. Nem é preciso que amor seja a palavra
Penso em você-me diz- e estancarei os féretros, tão grande é minha paixão."
vamos dormir juntos, meu bem,
sem sérias patologias.
meu amor este ar tristonho
que eu faço pra te afligir,
um par de fronhas antigas
onde eu bordei nossos nomes
com ponto cheio de suspiros.
Por fim meu rota vírus de amor passado cristalizou, minha resistência mental está subindo, o que me deixa mais tranquila e pronta para coisas novas. Não é que hoje esteja recusando meu passado ou negando-lhe outra oportunidade- pelo contrário, sempre será bem-vindo- mas não posso ignorar o fato de estar dando prioridade para coisas presentes, que poderão ser futuras, nem fingir que não percebo estar me interessando por outras pessoas.
Ao contrário de antes, ando feliz com essas outras pessoas que encontrei pelo caminho, não são muitas outras, mas o suficiente para me sentir bem e confortável com a ideia de tentar, novamente, engatar algo com alguém. Não, eu não estou me precipitando, são só hipóteses, que não incomodariam se acontecesse ou não, a melhor parte é essa: não incomoda se pode vir a ser, o que importa são as coisas que são.
Hoje, não temos nada pendente, nenhuma palavra não dita que mudaria o sentimento- creio eu- nem desejos incontroláveis que tirariam nosso sono, falo por mim, claro, mas acredito que ele também não tenha. Talvez a única coisa que incomode, ainda, seja a carência ou algo do tipo, mas nada específico a mim, só situações que poderiam ser mais faceis e confortáveis comigo, somente.
Conheci alguém, essa que é uma das verdades para essa mudança de visão, uma pessoa, até então, muito simpática e confortavelmente madura, que me proporcionou alguns momentos de leveza e tranquilidade, não se mostrando invasivo ou insistente demais, mas que apesar disso tudo pareceu estar bem interessado. Claro que me interessou e claro, pensei em algo a mais, porém, pensei sem expectativas, somente com pensamentos sem asas, sabe? Seria como querer plantar mais uma árvore em seu riquíssimo jardim, algo agradável, mas sem prioridades, já que o mais importante é cuidar do que já se tem no jardim, para não perder, certo?
Não espero nada também, o que tiver de ser virá, como consequencia do que fiz, por isso tento fazer coisas boas, não faz sentido?
Tenho que confessar uma coisa. Eu senti um balancê quando meu passado supôs um rolê- provavelmente com segundas intenções- e cheguei a aceitar de um modo sutil, mas depois fiquei com vergonha até mesmo do modo sutil e deixei passar, não insisti, como se fosse papel dele fazer isso, apesar de saber que não é papel de ninguém e que nem é apropriado ter papeis em situações como essas. Deixei passar e não vou sugerir nada por não ser prioridade, lembra? Mas não recusaria se me fosse proposto novamente, não tem nada demais, já nos conhecemos bem e sabemos como funciona algumas coisas na nossa relação e não seria de todo mal rever ele após aquela situação desagradável. Talvez percebesse, de uma vez por todas, que não levamos jeito um com o outro, que não nos agradamos de uma forma realmente agradável, que o tempo e a história nos mudaram, transformando-nos em extremos opostos que não se atraem e nem se completam, talvez percebesse isso...
Mas caso percebessemos o contrário, por que não uma nova oportunidade? Uma oportunidade teste. Se caso aconteça, espero que seja antes de resolver conhecer melhor a pessoa que conheci há pouco tempo, questão de prioridade, lembra? No final fica tudo bem e não importa tanto assim, não acho que ele tenha medo de me perder ou que se sinta incomodado com o fato de eu ter arranjado outra pessoa, talvez ficasse triste por ainda estar sozinho ou feliz por eu já estar com alguém. Mas caso não estivesse tudo bem, caso importasse, por que não uma nova oportunidade? Uma oportunidade teste, até porque prioridades mudam, contanto que valham a pena.

terça-feira, 25 de maio de 2010

"O que contou mesmo, não foram as vezes gritadas que conversamos, foram as noites de insônia onde fui convencida que ninguém no mundo me amaria tanto, mesmo de blusão e com o cabelo despenteado. Ainda lido- 3 meses depois- com os sentimentos reformados e consequentes da desgraça que sucedeu depois das nossas acidentais discussões, bobas e cegas.
Foi uma bomba nuclear desnorteante! Eu uso essas palavras exageradas para ocupar espaço... De vazio já basta meu coração, querido. Não leve minhas declarações tão a sério, pois tudo, na verdade, não passa de um capricho de matar essa vontade de ainda amar alguém."
"Apagar o número dele da lista de chamadas perdidas não o apaga do coração, mas ameniza a lembrança de que não foram só as chamadas que perdi..."
Quisera rever-te
olhar-te nos olhos
quieta demoradamente
depois te abraçar
sem uma palavra
deixar que soubesses
o quanto te prezo
e nada te peço
além desse momento
Eu te digo Sim
e te contradigo.
Afirmo e nego,
contigo, contigo.

É coisa bem nova
com jeito de antiga
Pra hoje e depois,
cantiga, cantiga.
Eu não faço a menor idéia de como esperar você me querer. Porque se eu esperar, talvez eu não te queira mais. Eu não queria ir embora e esperar o dia seguinte porque cansei dessa gente que manda ter mais calma. E me diz que sempre tem outro dia. E me diz que eu não posso esperar nada de ninguém. E me diz que eu preciso de uma camisa de força. Se você puder sofrer comigo a loucura que é estar vivo, se você puder passar a noite em claro comigo de tanta vontade de viver esse dia sem esperar o outro, se você puder esquecer a camisa de força e me enroscar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum aquilibrio. Se você puder ser alguém de quem se espera algo, afinal, é uma grande mentira viver sozinho, permita-se. Eu só queria alguém pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos.
Aquela era dessas saudades que toda vez que dizem acendem um mundaréu de estrelas no céu do coração. Era uma certeza de que a vida sempre arruma maneiras para aproximar as almas irmãs, esses anjos vestidos de gente que tornam mais fácil e mais feliz a nossa temporada de aulas e recreios nesse mundo.
Que entre o que o outro diz e o que ouvimos existem pontes ou abismos, construídos ou cavados pela história que é dele e pela história que é nossa. Que o egoísmo fala quando o medo abafa a voz do amor. Que a carência se revela quando a autoestima está machucada. Que a culpa é um veneno corrosivo que geralmente as pessoas não gostam de ingerir sozinhas. Que a sala de aula é a experiência particular e intransferível de cada um.
Eu ainda to aprendendo as coisas, só que eu aprendo e esqueço, porque cada aprendizado se formaliza a base de outra magia, porque a gente também esquece o que é fundamental de fato, a gente vai criando várias ramificações dentro dos sentimentos principais, caso ainda saibam dos fundamentais, já que também estes mudam quando se muda de alma, quando se muda de pessoa, quando se muda de lua. Escrevam, por favor, e, por favor, amem, e, por favor, mintam, e, por favor, não sintam-se culpados no final, porque no final tudo vai, no final tudo morre, e no final tudo é necessário.
Já que no fundo tudo é escassez, pode-se entender que o que realmente importa não é o final. Porque sem construção não haveria final. E é engraçado como se nasce fadado, e sendo este o fato, por favor, se for de fato isso de que nada é final e tudo acontece porque tem que acontecer, e se for de fato verdade o fardo que se leva na sapiência, Pai, ou quem quer que seja, por favor, se for isso, já que agora o silencio reina e só o que me consome é a inércia dessas palavras que eu tanto pronuncio, já que se foi o Juízo Final, já que as mãos já tremem, olha: Já que nunca importou o final pelas nossas imperfeições e já que o final no fundo pra quem fica não lava a alma e nem dignifica o homem e já que as minhas palavras já estão perdendo o primor do pudor todo... Amem... Por favor, amem, apaixonem-se todos, mintam, dissimulem, matem, morram, por favor, morram todos os dias e sofram pra entender como as coisas são injustas porque eu juro. É lindo.
E sabe... Eu também acordo, acordo todo o santo dia morto, morto. E todo o santo dia eu tenho vontade de desenrolar mil corações e mil balas de aço; Todo santo dia eu quero mudar o mundo e não o faço porque todo o santo dia o santo e o dia também me fazem esquecer.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Talvez eu aprenda a suprir essa vontade louca de tê-lo, mas, amo o que de ti desconheço e assim faço amor com o que escrevo a cada verso que te entrego. Palavras minhas, sentindos seus. E quanto mais espero, mais te deixo. Talvez amar comece no não ir, não estar e não ser. Se não vou, paraliso. Se não estou, me anulo. Se não sou, te amo e me completo tão suavemente que nem percebo.
Sorriu. Deixou que ele abrisse o vinho. E quando pôs o velho disco na vitrola, sabia o que fazia. Voltara a caminhos beirando abismos. Cairia.Mas, dessa vez, conhecia os caminhos de voltar
Vi meu amor chorando duas vezes
Numa nos conhecemos. Noutra nos despedimos
Mal sabe ele que ela é sempre só, mas já não sabe mais ser só sem ele

domingo, 23 de maio de 2010

Da vida que te confunde tanto que você quer se afastar de
tudo para entendê-la de fora. Da vida que te humilha tanto
que você quer se ajoelhar numa igreja. Da vida que te
emociona tanto que você não quer pensar. Da vida que te dá um
tapa na cara pra você acordar e não tem ninguém pra cuidar do
machucado e dizer que vai ficar tudo bem. Da vida que te
engana.
Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu
precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-
lo.
Se fosse uma comédia-romântica-americana, a gente se
encontraria daqui a um tempo e eu diria a ele, que mesmo depois
de ter conhecido homens que não gritavam quando eu acendia a
luz do quarto, não faziam uso de um cigarro que me irritava
profundamente e sobretudo minha rinite alérgica, não amavam
os amigos acima de, não espirravam de uma maneira a deixar
um fio de meleca pendurado no nariz, não usavam cueca rosa,
não cantavam tão mal e tampouco cismavam de imitar o Led
Zeppelin, não tinham a mania de aumentar o rádio quando eu
estava falando, não tiravam sarro do bairro em que nasci, não
insistiam em classificar minhas mãos e pés como seres de
outro planeta, não ligavam se eu confundisse italiano com
espanhol e argentino, nomes de capitais, movimentos
artísticos, datas de revoluções e nomes de queijo, era ele
que eu amava, era ele que eu queria.
E ele me diria que, mesmo depois de ter conhecido mulheres que
conheciam a Europa e não entupiam o ralo com cabelos,
mulheres que tinham nascido em bairros nobres e charmosos de
São Paulo, ou melhor, do Rio de Janeiro, mulheres que
arrumavam a cama e não demoravam tanto para sentir prazer,
não entravam de sapato no carpete, não tinham uma blusa
ridícula com uma rajada de dourado, não eram dentuças e
tampouco testudas, não cantavam tão mal, não tinham medo de
cachorros pequenos, não reclamavam do ar-condicionado e nem
tinham medo de perder a mãe ou comer uma comida muito
temperada, era eu que ele amava, era eu que ele queria.
Mas a realidade é que não gostamos desses tipos de filme
fraco com final feliz, gostamos dos europeus "cult" onde na
maioria das vezes as pessoas sofrem e perdem, assim como aconteceu com a gente.

amor não se pede

Se implorar resolvesse, não me importaria. De joelhos, no milho, em espinhos, agachada, com o cofrinho aparecendo.
Uma loucura qualquer, se ajudasse, eu faria com o maior prazer. Do ridículo ao medo:
pularia pelada de bungee jump.
Chorar, se desse resultado, eu acabaria com a seca de qualquer Estado, de qualquer
espírito.
Mas amor não se pede, imagine só.
Ei, seu tonto, será que você não pode me olhar com olhos de devoção porque eu estou
aqui quase esmagada com sua presença? Não, não dá pra dizer isso.
Ei, seu velho, será que você pode me abraçar como se estivéssemos caindo de
uma ponte porque eu estou aqui sem chão com sua presença? Não, você não pode dizer isso.
Ei, monstro do lixo, será que você pode me beijar como um beijo de final de filme porque eu estou aqui sem saliva, sem ar, sem vida com a sua presença? Definitivamente, não, melhor não.
Amor não se pede, é uma pena.
É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira.
É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um
semblante altista de quem constrói sozinho sonhos.
Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro
desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar
e vir logo resolver meu problema?
Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei.
Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto.
Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum
momento, o gosto volta.
Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar.
Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia.
Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta.
Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa.
É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro
que acalma a busca. Aquele cheiro que dá vontade de transar pro resto da vida.
É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz.
Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto
amargurado.
É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer,
implorar.
É triste lembrar como eu ria com ele.
Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa?
Ele sabe, ele sabe.

sábado, 22 de maio de 2010

Ontem caminhei
Nos campos de chuva; hoje
chove dentro de mim
Ontem caminhei
Nos campos de chuva; hoje
chove dentro de mim
Para evitar malentendidos
digamos desde já que nos amamos.
o meu amor e eu
nascemos um para o outro.

agora só falta quem nos apresente.
Há muito tempo me despeço todos os dias.
Estou pronta para ir embora:
as malas já feitas à porta, o dinheiro no bolso,
o bilhete na mão e o destino a esperar.
Jurei que só voltaria quando me pedissem
e agora é por isso que não posso mais partir.
Ninguém vai me chamar de volta,
nem nunca vai dizer o quanto me quis.
Serei a única a esparramar na plataforma
a dor de um adeus solitário.
Posso ouvi-la fundida ao ferro dos trilhos,
gemendo por todo o caminho que é assim
que vamos ficar: nos hiatos paralelos repetidos
palmo a palmo até a gente adormecer em tormento.
Sem descanso. Nos vagões ela embala os pesadelos
e o medo de chegar para sempre carregando sozinha
esse peso morto que é o amor não correspondido.
Nós caminhávamos de mãos dadas, com solenidade,
O ar lúgubre, negros, negros...
Mas dentro de nós era tudo claro e luminoso!
Nem a alegria estava ali, fora de nós.
Era dentro de nós que estava a alegria,
-- A profunda, a silenciosa alegria ...
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!
Senti ciúmes dos teus braços
perdido em outros abraços
afagando o corpo que foi meu.

Dos sorrisos que tive,
dos sussurros ao pé-do-ouvido,
das gargalhadas sonoras
contando casos teus.

Senti ciúmes, não nego.
Mas sei também que já não te quero,
foi apenas no ego, um pequeno arranhão.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

-Por que eu deveria te beijar?
-Porque eu sei falar francês.
-E o que sabes falar?
-Embrasse-moi
-O que disseste?
-Me beija.
...
-Eu gostei da tua boca...
-E ela gostou do teu francês.
-Por que eu deveria te beijar?
-Porque eu sei falar francês.
-E o que sabes falar?
-Embrasse-moi
-O que disseste?
-Me beija.
...
-Eu gostei da tua boca...
-E ela gostou do teu francês.
Quero mais aspas e travessões nas narrativas de minha própria história, eu converso, mas ando só, como se não falasse nada demais, nada que valesse a pena ser ouvido ou lembrado. Eu quero mais aspas e travessões, não somente falas minhas, mas algo demais, que valesse a pena ser ouvido ou lembrado e por fim contado junto as minhas histórias, eu quero mais aspas.
Vai me dar a bobeira, eu pensava. E a bobeira dava. E eu ficava sem saber se a bobeira já tinha dado (e por isso eu pensava nela) ou se eu pensava na bobeira e ela dava. Eu mandava na bobeira ou ela mandava em mim? Se eu mandava nela, como obedecia?
Ter a bobeira era a pior coisa do mundo, mas era também uma honra. Eu lembro direitinho de olhar as outras crianças -e eu sempre lembro delas descalças e comendo cachorros quentes e dormindo suadas- e pensar: elas não têm medo da bobeira porque são bobas. Não entendem como é louco isso tudo aqui.
Nada. É isso. Um dia, você descobre e está salvo. Nada. Viver é só esse mistério mesmo. Não tente respirar mais rápido que o mistério pra tentar chegar antes dele. Respire passos pra trás da vida e isso é só o que dá pra fazer. Ela ganha e ponto final. Ela ganha, mas a gente se diverte pacas com isso. É tipo estar numa festa linda, você conhece alguém pra amar, você pula meio de pileque na piscina, você nunca se esquece. Mas a festa era de outra pessoa que, gentilmente, te convidou. Não tente roubar sua casa, sua comemoração grandiosa. Apenas bata palmas na hora do parabéns e aceite o convite da vida.
Não dá pra entender nada. Mas é isso. Temos um nariz, somos alaranjados. Com calma, que agora consigo ter (por causa do remédio, sim, mas também porque precisei ter medo de supermercado pra não ter medo de super qualquer coisa). Com calma, você repara. E não é ruim. Com calma, não se vê lá fora o assustador borrado da velocidade. Se vê como é. E não é tão feio. E até o feio, tem seu valor. É só isso. A vida. Com calma. Mil quadras do carro e três mil quadras de casa. Só a vida. Uma linda e magnífica bobeira.
Depois de cada momento de fraqueza, meu coração prepara, em silêncio, uma nova fornada de coragem.

Às vezes cansa, sim, mas combinamos não desistir da força que verdadeiramente nos move.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"A gente pode morar
numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos,
numa cidade mais ou menos
e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode dormir
numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos
e até ser obrigado a acreditar
mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir
que tudo está mais ou menos,
tudo bem!

Mas o que a gente não pode mesmo,
nunca, de jeito nenhum:
É amar mais ou menos,
é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos,
é namorar mais ou menos,
é ter fé mais ou menos,
é acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco de se tornar
uma pessoa mais ou menos."
Não acontece com você, de vez em quando, de sentir uma nostalgia de uma época em que tudo era mais misterioso, incógnito, secreto, inatingível? Eu tenho sentido uma certa tontura com tanta gente falando ao mesmo tempo. E esse "tanta gente" me inclui. Eu não tenho tanto assim pra dizer. Eu não tenho opinião sobre tudo. Eu acho que andamos intoxicados por tantos "eus".
A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra amor e se acha importantíssima por isso! Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com A que se faz "abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa...
Com B se diz "belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.(...)
L de "lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só pode ser completamente louco.
M de "madrugada", quando vivem os sonhos...
N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro.
O de "óbvio", não precisa explicar...
P de "pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou.
Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê.
E R, de "rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.
S é de "sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de "segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo": quando o beijo é maior que a boca.
T é de "talvez", resposta pior que ´não`, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma esperança... De "tanto", um muito que até ficou tonto... De "testemunha": quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar.
U de "ui", um ài" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia o começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede cuidado.
Vem o V, de "vazio", um termo injusto com a palavra nada; de "volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que querem que ela queira.
"Angústia é um nó muito apertado bem no meio do seu sossego."
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça.
Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente. Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora. 
Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia. 
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero... Também não. É um desadoro... Uma batelada? Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor ela não sabia explicar, a menina.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
❝ E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras. ❞

❝ Parece que jamais serás a mesma e que nada mais terá sentido como antes, mas assim como é líquida essa tristeza, essas águas são dinâmicas e fluidas.Então deixa que as coisas se renovem, e que as perdas tenham mais de um sentido, que os vazios te ofereçam mais espaço, pra que a vida te compense com o impossível.E permita que a alegria se aproxime, e que traga mais calor para os teus dias, quando tudo nos parece um desolo, é possível ainda assim, ser poesia.
Seja forte, siga em frente, respire fundo, e perceba a importância de se ter braços vazios, pra que se possa ter espaço em si para abraçar o mundo. ❞
❝ Foram me arrastando. Não houve aquele momento em que você pode decidir se vai em frente, se volta atrás, se vira à esquerda ou à direita. Se houve, eu não lembro. Tenho a impressão de que a vida, as coisas foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza se gostaria mesmo de estar aqui. Só sei que dentro de mim tem uma coisa pronta, esperando acontecer. O problema é que essa coisa talvez dependa de uma outra pessoa pra começar a acontecer. ❞

Não me entregue suas conclusões precipitadas
Não me aponte o que eu mesma te segredei
Por favor, não confunda a sua a minha vida
com esta clareira de tempoespaço que se abriu
para estarmos juntas
– ela é maior do que os jogos de viver
Saiba de antemão que sentirá minha falta
na noite mais atípica do ano
E que eu sentirei a sua, como sinto sede
ou saudade do mar
Neste dia, experimente sua solidão
como fazem as crianças
(aterrorizadas em seus mundos de poucos nomes)
E duvide que os teus desencontros não foram
encontros insuportáveis.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."


Supere isso e, se não puder superar, supere o vício de falar a respeito

terça-feira, 18 de maio de 2010

Tentei escrever mas não podia, com o lápis e o papel na minha mão, quis livrar-me da negra solidão, enfrentei o poder da desvantagens, quis morrer de amor faltou coragem, quis viver pra amar, faltou razão. A saudade, o stress e a depressão acataram-me os de uma só vez, tentei livrar-me deles três, tentei, pelejei, mas foi em vão.
E veio o sol rasgando as rugas do meu rosto, e cada lágrima que brotava era um desgosto que dei as mulheres no meu passado. Eu que nunca pensei em ser julgado num foro em que Deus é o juiz, condenado já estou pelo que fiz e perdi a questão de sete a zero, sem gozar daquilo que eu mais quero: o direito de amar e ser feliz.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Toda vez que a saudade apertava, ela sonhava com ele, foram muitas noites seguidas ou não, meses; os sonhos era a forma de matar a saudade, pelo menos era assim que ela interpretava. Mas na noite passada, ela rezou baixinho, pedido a Deus para não permitir que ele surgisse nos sonhos dela, não mais. Isso seria o melhor para ela, para ele, para a distância que machucava, para o que nunca mais voltaria a ser a mesma coisa. E pediu também com todo carinho e delicadeza, para que Deus cuidasse dele, que colocasse vários anjinhos para espioná-lo, para evitar que ele entrasse em confusões; ele sempre foi um garoto tão confuso e atrapalhado.

E na noite passada, ela não sonhou com ele. Ele sonhará com ela.

sábado, 15 de maio de 2010

Mais uma que não chega.

Não tenho muito o que dizer. Para falar a verdade nem sei o porquê de estar fazendo isso. Se o que tanto faz não importa, por que eu ainda continuo pensando? Provavelmente responderias "sei lá" e dirias alguma coisa que eu não concordaria, ou ficaria irritada, ou não entenderia...
Que saco, a gente nem tem sobre o que conversar e, por achar que não temos, acabamos por realmente não ter de uma vez por todas, o que não tem problema visto que não te importas mais com tudo isso e a única preocupação existente é de ser educado- pelo menos tentar ser- tudo bem... Está tudo bem!
É, depois de tudo que aconteceu finalmente decidi ser um pouco mais positiva, deixei de arrancar as forças das pessoas sendo que qualquer coisa negativa que passe pela minha cabeça se restringe a minha cabeça... É, eu poderia ter feito isso antes, mas antes tu ainda não tinhas me descartado e eu não tinha perdido todas as esperanças...
Eu me sinto muito besta, muito mesmo, por ainda escrever coisas sobre a gente, falar sobre a gente, pensar sobre a gente, mesmo sabendo que não tem mais "a gente". Sei que se te falasse isso diretamente não entenderias e ficaria repetindo todos os motivos pra não estarmos mais juntos, diria que eu cortei todas as tuas esperanças, que erámos diferentes, que não dava mais, principalmente depois do episódio eu-ir-no-teu-prédio... É, eu sei disso também, acho que eu sei de tudo, mas entendo que não entendas o que eu quero dizer e nem o que eu sinto, até porque muitas dessas coisas não são para serem entendidas, as explicações são muito vagas e eu não teria como te convencer...
Mas nem te importa tanto assim, tô escrevendo- não é por desespero-e sim porque tô escutando uma música que eu sempre quis cantar pra ti, não que eu cante bem ou coisa parecida, mas só pra saberes e lembrares de alguma coisa que me faz lembrar de ti:
"I wanna hold you so much at long last love has arrived and I thank God I'm alive. You're just too good to be true can't take my eyes off of you"
E eu fico pensando em quando tudo isso passar, quando eu gostar de outra pessoa, como vou ver todos esses textos que fiz pra ti, as coisas que falei e como achei que tudo tinha acabado pra mim... Acho que eu sempre vou me sentir boba por essa fase que passei contigo, fiz muita bobagem, falei muita bobagem, ou deixei de falar, e depois vai passar, assim como o resto... Mas ainda tenho aquele medo de não passar, de eu ser uma daquelas mulheres que amam o mesmo homem pro resto da vida delas e ando com medo também de não dar o devido valor as pessoas que posso encontrar, por ainda tá atrelada a ti de alguma forma solitária e que não me importa tanto assim.
Algumas vezes sinto que isso me protege, esse gostar que eu tenho... Como se me deixasse mais viva e mais crítica, como se eu tivesse mais tempo pra melhorar e ser o que eu realmente quero ser... Enquanto penso nos meus planos, eu pude notar que todas as coisas que eu planejava pra mim eram moldadas para estar do teu lado, como se meus planos fossem encaixar com tuas escolhas, pra acomodar melhor tudo que a gente ia passar- ou eu acreditei que iríamos- quem vê, pensa que tinhamos um relacionamento de anos à fio... Não tivemos e nem teremos, mas eu pensei que teríamos... Eu pensei... Bom, pensamentos não faltaram nisso tudo, não é verdade? Pensei tanto.
Eu poderia falar tudo isso para ti, diretamente, mas eu conheço tua sinceridade e as observações que fazes, sei também que ia parecer paranóica e acho que já chega de denegrir minha imagem sozinha... Então me contento em redigir algo que nunca chegará nas tuas mãos ou vão passar pelos teus olhos e tá tudo bem, tá tudo bem mesmo...
Eu, sinceramente dessa vez, quero que sejas feliz e que encontres o que tanto procuras, algo pra sanar tua solidão e diminuir tua vida de saudade, que teu medo de não conseguir fazer tudo que tenhas planejado seja desnecessário, que continues tendo a força de vontade que tens e a atitude que quase nunca falta, que arranjes alguém que te deixe muito feliz, que não te decepcione e te dê o carinho gostoso que todos nós procuramos.
Ah, não vou dizer que não queria um abraço, gosto muito dos teus abraços, muito mesmo, mas tá tudo bem, tá tudo bem, sabe? Não me importo com os beijos e o resto, eu ficava feliz só com o abraço, um sincero e carinhoso, um abraço e um tempo contigo... Depois acho que ia continuar tudo bem, um abraço não tira pedaço...
É triste mesmo eu escrever zilhões de textos querendo falar tudo que tenho pra falar e depois ver que ainda falta tanta coisa pra ser dita e que talvez eu nunca diga, consiga escrever e deixe tu saber...
É isso... Tá tudo bem, eu tô bem- obrigada, por não querer saber- sinto saudade e não sou louca.
Espero que fiques bem.
Com carinho.
Nayla.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Alguns de nós já foram à Lua. Alguns de nós já driblaram a fome. Alguns de nós já foram feridos no corpo ou na alma pela insanidade das guerras. Alguns de nós já se superaram diante de doenças que lhes disseram ser incuráveis. Alguns de nós já deram a volta por cima ao ser desprezados pelas diferenças que são utilizadas para negar que somos todos, essencialmente, iguais. Alguns de nós já demonstraram, mais por ações do que por palavras, o quanto o ser humano é uma obra-prima genial.
Somos capazes de coisas incríveis. Mas, muitas vezes, diante da possibilidade do amor compartilhado, nós nos acovardamos. Sabemos que nada pode nos tornar mais fortes nem mais vulneráveis, ao mesmo tempo. Esquecemos que a vulnerabilidade, assim como a força, faz parte da condição humana. Para amarmos e para nos deixar ser amados precisamos aceitar sair do ilusório controle. Isso pode ser mais assustador do que qualquer outra coisa que nos meta medo, que nos peça coragem, que nos bagunce a vida. Pode ser a coisa mais linda do mundo também.
Palavra às vezes até perde a fala diante de sentimento grande. Abraço... Não.
Hoje eu não quero conversas vestidas de uniforme. Diálogos impecavelmente arrumados que não deixam o coração à mostra. As palavras podem sair de casa sem maquiagem. Podem surgir com os cabelos desalinhados, livres de roupas que as apertem, como se tivessem acabado de acordar. Dispensa-se tons acadêmicos, defesas de tese, regras para impressionar o interlocutor. O único requinte deve ser o sentimento. É desnecessário tentar entender qualquer coisa. Tentar solucionar qualquer problema. Buscar salvamento para o quer que seja.
Hoje eu não quero falar sobre o quanto o mundo está doente. Sobre como está difícil a gente viver. Sobre as milhares de coisas que causam câncer. Sobre as previsões de catástrofes que vão dizimar a humanidade. Sobre o quanto o ser humano pode ser também perverso, corrupto, tirano e outras feiúras. Sobre os detalhes das ações violentas noticiadas nos jornais. Não quero o blablablá encharcado de negatividade que grande parte das vezes não faz outra coisa além de nos encher de mais medo. Não quero falar sobre a hipocrisia que prevalece, sob vários disfarces, em tantos lugares. Hoje, não. Hoje, não dá. Não me interessam o disse-que-disse, os julgamentos, a investigação psicológica da vida alheia, os achismos sobre as motivações que fazem as pessoas agirem assim ou assado, o dedo na ferida.
Hoje eu não quero aquelas conversas contraídas pelo receio de não se ter assunto. A aflição de não se saber o que fazer se ele, de repente, acabar. O esforço de se falar qualquer coisa para que a nossa quietude não seja interpretada como indiferença. Hoje eu não quero aquelas conversas que muitas vezes acontecem somente para preenchermos o tempo. Para tentarmos calar a boca do silêncio. Para fugirmos da ameaça de entrar em contato com um monte de coisas que o nosso coração tem pra dizer. Além do necessário, hoje não quero falar só por falar nem ouvir só por ouvir. Que a fala e a escuta possam ser um encontro. Um passeio que se faz junto. Um tempo em que uma vida se mostra para a outra, com total relaxamento, sem se preocupar se aquilo que é mostrado agrada ou não. Se aumenta ou diminui os índices de audiência.
Hoje, se quiser, se puder, se souber, me fala de você. Da essência vestida com essa roupa de gente com a qual você se apresenta. Fala dos seus amores, tanto faz se estão perto do seu corpo ou somente do seu coração. Fala sobre as coisas que costumam fazer você sintonizar a frequência do seu riso mais gostoso. Fala sobre os sonhos que mantêm o frescor, por mais antigos que sejam. Fala a partir daquilo em você que não desaprendeu o caminho das delícias. Do pedaço de doçura que não foi maculado. Da porção amorosa que saiu ilesa à própria indelicadeza e à alheia. A partir daquilo em você que continuou a acreditar na ternura, a se encantar e a se desprevenir, apesar de tantos apesares. Conta sobre as receitas que lhe dão água na boca. Sobre o que gosta de fazer para se divertir. Conta se você reza antes de adormecer.
Hoje, me fala de você. Dos momentos em que a vida lhe doeu tanto que você achou que não iria aguentar. Fala das músicas que compõem a sua trilha sonora. Dos poemas que você poderia ter escrito, de tanto que traduzem a sua alma. Senta perto de mim e mesmo que estejamos rodeados por buzinas, gente apressada, perigos iminentes, faz de conta que a gente está conversando no quintal de casa, descascando uma laranja, os pés descalços, sem nenhum compromisso chato à nossa espera. A gente já brincou tanto de faz-de-conta quando era criança, onde foi que a gente esqueceu como se chega a esse lugar de inocência? Fala da lua que você admirou outra noite dessas, no céu. Da borboleta que lhe chamou à atenção por tanta beleza, abraçada a alguma flor, como se existisse apenas aquele abraço. Diz se quando você acorda ainda ouve passarinhos, mesmo que não possa identificar de onde vem o canto. Diz se a sua mãe cantava para fazer você dormir.
Senta perto e me conta o que você sentiu quando viu o mar pela primeira vez e o que sente quando olha pra ele, tantas vezes depois. Se tinha jardim na casa da sua infância, me diz que flores riam por lá. Conta há quanto tempo não vê uma joaninha. Se tinha algum apelido na escola. Se consegue se imaginar bem velhinho. Fala da sua família, a de origem ou a que formou. Das pessoas que não têm o seu sobrenome, mas são familiares pra sua alma. Fala de quem passou pela sua vida e nem sabe o quanto foi importante. Daqueles que sabem e você nem consegue dizer o tamanho que têm de verdade. Fala daquele animal de estimação que deitava junto aos seus pés, solidário, quando você estava triste. Diz o que vai ser bacana encontrar quando, bem lá na frente, olhar para o caminho que fez no mundo, em retrospectiva.
Podemos falar abobrinhas, desde que sejam temperadas com riso, esse tempero que faz tanto bem. A gente pode rir dos tombos que você levou na rua e daqueles que levou na vida, dos quais a gente somente consegue rir muito depois, quando consegue. A gente pode rir das suas maluquices românticas. Das maiores encrencas que já arrumou. Das ciladas que armaram para você e, antes de entender que eram ciladas, chegou até a agradecer por elas. De quando descobriu como são feitos os bebês. A gente pode rir dos cárceres onde se prendeu e levou um tempo imenso pra descobrir que as chaves estavam com você o tempo todo. Das vezes em que se sentiu completamente nu diante de um Maracanã, tamanha vergonha, como se todos os olhos do mundo estivessem voltados na sua direção. Das mentiras que contou e acreditaram com facilidade. Das verdades que disse e ninguém levou a sério.
Não precisa ter pauta, seguir roteiro, deixa a conversa acontecer de improviso, uma lembrança puxando a outra pela mão, mas conta de você e deixa eu lhe contar de mim. Dessas coisas. De outras parecidas. Ouve também com os olhos. Escuta o que eu digo quando nem digo nada: a boca é o que menos fala no corpo. Não antecipe as minhas palavras. Não se impaciente com o meu tempo de dizer. Não me pergunte coisas que vão fazer a minha razão se arrumar toda para responder. Uma conversa sem vaidade, ninguém quer saber qual história é a mais feliz ou a mais desditosa.
Hoje eu quero conversar com um amigo pra falar também sobre as coisas bacanas da vida. As miudezas dela. A grandeza dela. A roda-gigante que ela é, mesmo quando a gente vive como se estivesse convencido de que ela é trem-fantasma o tempo inteiro. Um amigo pra falar de coisas sensíveis. Do quanto o ser humano pode ser também bondoso, honesto, afetuoso, divertido e outras belezas. Dos lugares onde nossos olhos já pousaram e daqueles onde pousam agora. Um amigo para conversar horas adentro, com leveza, de coisas muito simples, como a gente já fez mais amiúde e parece ter desaprendido como faz. Um amigo para se conversar com o coração.
E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.
Eu sei que às vezes é quase irresistível não dar trela àquela voz traiçoeira, nossa velha conhecida, que nos incita a desistir dos nossos sonhos com ares de quem propõe a coisa mais bacana do mundo. Não nos esparramarmos, doídos pra caramba e também com um algum conforto, na autopiedade, essa areia movediça ávida por engolir nosso lume.
Eu sei que às vezes é quase irresistível não desdobrar a lista de decepções que mantemos atualizada com zelo de colecionador para nunca nos faltar matéria-prima pra lamúria. Não relembrar sem economia de minúcias cada frustração vivida com o olhar amarrado e a tristeza viçosa que só fazem aumentar a dor da vez.
Eu sei que às vezes é quase irresistível não eleger um algoz e acentuar um pouquinho mais as nossas feições sofridas para as novas poses do nosso álbum de vítima. Não nos responsabilizarmos pela parcela de participação que nos cabe em boa parte das encrencas em que nos metemos, e que, se olharmos com olhos lúcidos, de preferência também lúdicos, às vezes nem é tão pequena como é mais fácil acreditar.
Eu sei que às vezes é quase irresistível não ficar morando na dor como se dor fosse casa de veraneio. Não arriscar um passo fora do terreno da nossa desesperança porque sentimos que nos sobra cansaço e nos faltam pernas. Eu sei que às vezes é quase irresistível. Eu sei que às vezes a gente não consegue mesmo resistir. E sei que quando não resistimos, está tudo bem: esse lugar também passa.
De apelo a apelo, vamos caindo e levantando ao longo da estrada, apurando o coração para tornar muito mais irresistível o nosso amor paciente e generoso por nós mesmos. Para desdobrar com maior frequência, na memória, a lista que conta as conquistas todas de que já fomos capazes, nós que tantas vezes parecemos tentar desmentir as nossas pérolas.
De apelo a apelo, vamos caindo e levantando ao longo da estrada, apurando o coração para fazer valer, na prática, o nosso respeito à oportunidade inestimável de estarmos aqui. A nossa intenção de não desperdiçar esse ouro que é o tempo, essa maravilha que é o corpo, essa graça que é a vida. Essa que, se olharmos com olhos lúcidos, de preferência também lúdicos, sempre topa inventar maneiras conosco para se vestir de convite irrecusável de novo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Que seja doce...

Vou ser sincera... Queria que nessa sexta-feira à noite tu estivesse em casa, entediado, tanto quanto eu, sem dúvida da vontade de falar comigo, queria que tua janela, na droga, do ebuddy subisse e chamasse minha atenção- preste atenção, que dessa vez nem pedi uma ligação- com um "oiii" qualquer, um apelido qualquer, só pro meu coração bater rápido novamente, o frio na barriga voltar, a agonia surgir e substituir a agonia de achar que podes estar, em qualquer lugar que gostaria de estar contigo, com ela.
Tanto faz, tenho que externar algumas coisas, eu me canso disso, de todos os pensamentos que não falo, das pessoas que não ajudam e das que ajudam também. Relendo os textos dá pena de mim, que situação embaraçosa, sentir pena de mim mesma, vontade de falar "ei, acorda pra vida minha filha!", é mais fácil lidar com a dor dos outros, até saio de mim algumas vezes para poder lidar com a minha.
Caetano, Oasis, Coldplay, Lily Allen, Damien Rice, Cassia Eller, saiam todos daqui, vão tocar em outro lugar, tocar outros corações e me deixem em paz! Poderia até tapar meus ouvidos, ou desligar o computador, mas essas músicas e as letras, e as vozes, e as mensagens, elas simplesmente não saem da minha cabeça, ficam cantarolando sozinhas, enquanto me ocupo fingindo não escutar.
Não, eu não sou madura o suficiente, sou uma menina boba, sonhadora, apaixonada e, nunca pensei que ia dizer isso, com coração em frangalhos. Sim, isso mesmo, com todo esse drama mesmo, sem tirar nem por, quer dizer, pode até por, eu não me importo.
Não sei que diabos é esse treco que sinto, é 'coisa' mesmo, não tem nome e nem descrição, mas ocupa uma boa parte do meu dia, é um sentimento, que faz eu me sentir a pessoa mais boba do mundo, mais desamparada e carente. Eu aceito qualquer elogio, qualquer abraço, até aperto de mão eu ando aceitando (ouviu, cabrita?)
Cadê teu nome bonito no meio dos meus conhecidos? No meio das minhas histórias? Cadê?
Cadê teu jeito 'nem ai'? Teu carinho sem jeito, mas gostoso, cadê?
Fui eu, eu sei, por incrivel que pareça não é isso que me incomoda, não é o fato de eu não ser pra ti, de não saber lidar contigo, conversar direito, ser interessante, inteligente, sensual ou qualquer coisa parecida. O que me incomoda é o me fizeste ser, a vontade que deixaste, a saudade que deixaste, a carência que deixaste. Me transformaste no que eu sempre detestei nas pessoas, é isso que me incomoda.
Incomoda, querer trocar tudo que eu conheço pra poder ter o que não conheço ainda de ti, ter vontade de mandar As, Bs, Cs, para bem longe e dizer "vão embora, já gosto de alguém, voltem mais tarde" quando tudo isso não existe.
Dar minha mão para beijares, como fizeste no primeiro encontro, quando foste embora e levaste na costa uma decepção sem nem saber, se eu voltasse eu, com certeza, diria para a Nayla, do dia 10, não te largar um minuto sequer, segurar tua mão toda hora, pegar na tua nuca, escorregar a mão por tua costa.
Reclamo, do que na verdade sei que tenho que passar, não estás errado em momento nenhum, como algumas pessoas pensam, por isso nem me dou ao trabalho mais de contar história nenhuma. Gostarias de mim se eu deixasse fazer isso, se eu permitisse que tu gostasse e me conhecesse, se eu te mostrasse o meu lado bom ao invés dos meus medos e 'não poderes', me amarias se eu deixasse, não é verdade?
Agora fico pensando, só de somente e não de sozinha, sozinha também, mas não vem ao caso novamente.
Nunca foi pra mim somente o tempo que passavas do meu lado, na verdade pra mim eram as noites que passavas comigo, me confortava saber que alguém pensava em mim, saber que era recíproco, antes pelo menos eu podia querer estar do teu lado e saber que era o que querias também, tanto quanto eu (pelo menos, até onde eu sei), pra mim era o que a gente ia ter, pra mim era o que a gente ia construir, que a gente tava construindo, o que contruiste em mim. Pra mim era olhar pro lado e não ter do que reclamar, era acordar pensando em ti e dormir pensando em ti, nos nossos problemas. Era lembrar de alguma coisa engraçada e rir sozinha, era deitar na cama e não me sentir só, sem metade de alguma coisa que deveria estar do lado da minha mão ou perto da cabeça, algo por essas bandas.
Pra mim na verdade, era o que seria e não o que era, se fosse o que era, acho que quem estaria gostando de outra pessoa seria eu, sei lá, tinha voltado para antigos ou arranjado novos, barca furada afunda, quem não sabe disso? "Que seja doce o naufrago" o que limpava o medo de te perder, era isso, a certeza do meu desapego, que resolveu me deixar na mão logo agora, os teus defeitos e as cobranças que me enchiam e faziam com que eu me sentisse pressionada, era isso, o vestibular e suas responsabilidades, a minha falta de responsabilidade, de compromisso, de coragem, de idade.
Tão pouco tempo, tão muitos problemas, tão muito eu, tão pouco nós, tão mais tu, tão menos outros, outros que não ajudam também, não se pronunciam de uma forma agradável e sincera, diferente, legal, simples.
Espero que minha barca acabe boiando por ai, não gosto da idéia de afundar, é profundo demais pra mim, ainda sou rasa. 
'Olhando a foto, foi quando eu descobri que tua ausência inda doía e o tempo que passou não me serviu como remédio. E a minha paciência foi inútil e todo desapego incompetente. Eu me desvencilhei de livros, cartas e bilhetes e me desmemoriei por algum tempo - quis tanto ter você, depois silêncio - mas nessa tarde estranha em que ensaio versos, só vem tua falta à tona... E eu desamarro um pranto que eu sei tão antigo - desculpa essas palavras com cara de choro - ainda há reticências.'
Minhas mudanças quase sempre provém de algum relacionamento que deu errado, caso contrário continuo a mesma por inércia; não que eu não saiba que esteja errada, mas não há motivos suficientes para mudar.
Permito-me hoje a assumir meu gosto pelo colorido, chamativo, cintilante, verde, laranja, rosa pink... Não só por estar na moda, mas por saber- hoje- que não é cafona, só existem pessoas que não combinam com certas cores.
Passei a aceitar que não tem problema curtir sua tristeza as vezes, ou por duas semanas seguidas - essa quando algo dá errado- se você perceber que, depois da tristeza toda você ainda se tem, e por se ter é sinal de que muita coisa ainda estar por vir e você não pode parar seu tempo para remoer o que já foi...
Concordei com Dante Milano que escreveu: "As palavras mentem, falseiam, modificam tudo o que a imaginação cria." quando relendo esse post percebi, que realmente tudo que eu imaginei escrever não saiu como queria, principalmente esta frase.
Confesso escrever tudo isso na esperança de que daqui a alguns anos, ou quem sabe menos, eu releia e veja o quanto cresci e amadureci, e se não achar... Bom, vou fingir que sempre fui madura.
Espero poder ser mais paciente daqui pra frente, menos dramática e menos menina.
Espero também ser menos mimada para aprender a entender o diferente, o contrário, com mais respeito e aceitação.
Estou contando com o meu percurso para perder alguns medos, muitas vergonhas e barreiras impostas por mim. Pretendo agir com mais naturalidade, ser mais eu e menos o pouco que eu tenho dos outros; acreditar mais nas minhas possibilidades e passar a duvidar das impossibilidades, estar mais presente para necessidades alheias e ao mesmo tempo não ser ausente às minhas.
Viver à dois é uma opção, muito agrádavel por sinal, mas infelizmente nem todos nascemos para isso; como prova viva do que eu falei estão as pessoas que nunca casaram, não encontraram alguém e a pior delas: as que vivem à dois e são infelizes.
O sentimento de amor, se pode sentir pelos filhos, pelo trabalho, pela família, pelas plantas, pelos animais... Como um conhecido falou " o amor é um mal necessário", quase sempre presente em quase todas as ocasiões, mas não precisa ser necessarimente por uma pessoa do sexo oposto- ou do mesmo sexo se preferir- porém é quase inevitável não querer ou não sentir isso.
Acima de tudo, respeite-se, ame-se, permita-se e ajude-se.
Não serás nunca menos por ter medo, mas também não serás mais se mantiver.
O mundo não vai rodar ao seu favor, nem a favor dos outros... O mundo gira para que você, como por necessidade, ande, caminhe em direção a algum lugar, pense, aja - porém se você for uma pessoa como eu, que espera tudo chegar enquanto você estiver sentada, siga o conselho na ordem contrária- não deixe o mau tomar conta do que ainda de bom você tem e não minta (quando não for necessário).
Sinceridade é um dom... Saiba usar, exageros quase nunca são bem vindos, a não ser que você esteja em cima de uma passarela, desfilando com a nova coleção outono-inverno de uma grife importante.
Dizem que pessoas que tem o costume de escrever, por deixarem seus pensamentos registrados, acabam por deixar tudo somente no papel, espero não ser uma dessas...
Quando não souber de algo, corra atrás, nunca se sabe quando precisará daquilo de novo... Nada se perde, tudo se renova ou não.
Não esperes que algo impossivel aconteça, muitos chamam isso de sonho e na verdade é ilusão.
Entenda as suas impossibilidades, mas não use elas como proteção para a sua comodidade, alguém pode não ter vergonha de falar para você que isso é errado.
Não ame a pessoa errada, não se engane que ela é a pessoa certa, pare e veja com a razão, certas coisas o coração não percebe por si só. Se você acredita em amor e entende, tenha certeza que acontecerá, mas ele não virá enquanto você estiver esperando, ele acontece como o ínicio das guerras, com um estopim em um momento em que menos se espera.
Bonitos são os olhos que passam verdade, o corpo que não tem medo de tocar, a nuca que pede para ser acariciada e a boca que sorri feliz ao te ver. Todo ser é capaz de amar, só precisa se permitir isso, e às vezes eles precisam de uma certa ajuda alheia.
Já escrevi muitas teorias, pensamentos, confusões e até hoje não cheguei a nenhum lugar, pois, sinceramente, nunca me levei tão à sério assim.
Talvez eu seja uma dessas pessoas que precise de alguém para me ajudar, para acreditar, ou eu esteja apenas passando férias em meu corpo a 16 anos.
Ah! É verdade, os errados divertem sim, até você se apaixonar por um deles.
Confesso escrever tudo isso na esperança de que daqui a alguns anos, ou quem sabe menos, eu releia e veja o quanto cresci e amadureci, e se não achar... Bom, vou fingir que sempre fui madura 
não sei se é a fome, o cansaço ou a saudade.
Acho que essa raiva toda é um pouco disso tudo, detalhe muito importate, é quase incontrolavel.
Respondo, não ouço, não quero e acabou. Não penso, espero e a fome vem de novo... Mais matéria pra estudar de novo e mais um novo pensamento do que pode dar certo enquanto está errado.
tem coisa pior que isso?
Se alguém me perguntasse "defina-se hoje em uma palavra?" eu diria que é raiva... Mas eu ainda tenho paciência pra ele, acredita? E ele nem tem, é cada coisa que me aparece.
O sangue corre rápido agora, mas eu penso devagar, ainda tô esperando alguma coisa em potencial acontecer, nem  que seja o fim do mundo... Pelo menos é alguma coisa.
(...)Cadê meu pensamento de pensar nos defeitos? só funciona em uns momentos, tenho que acionar esse botão mais vezes no meu dia, na verdade ele vem quando ele não me responde no msn, ou quando faz algum comentario tipo "aah eu to bem, normal, só fico triste em saber que te deixo chateada", quanto ao resto, ele ainda é uma das poucas pessoas que eu quero escutar, ou saber do dia... Mas ele não me conta, então acaba por tanto fazer.
Eu tenho tanta coisa pra reescrever pra cá, mas não sei quando vou poder, estou dependendo da boa vontade do meu pc jurassico, tenho que estudar mais também, não é o suficiente, cade a boa vontade e a falta de preguiça? Nossa ein.
(...)ele espera de mim o que todo mundo faz e fica irritado quando isso não acontece. Bom... Querido, eu não sou sua ex-namorada ou uma coisa que você já tenha vivido várias vezes, então não aja como se me conhecesse, na verdade nem me cobre nada, ou peça, não funciono assim. Sim, eu prefiro ter intimidade com estranhos. Sim, eu acho eles mais agradáveis, menos compromissados e eu não me importo. Não quero agradá-los. Eu prefiro deixar tudo implícito, é mais confortável, menos invasivo e vergonhoso, e menos comprometedor. Acredito em intimidades em horas certas, é algo que cresce proporcionalmente ao convívio. Nunca fui de muitos amores, mas isso não quer dizer que eu seja menos por isso. Continuo gostando, sentindo falta, mas são coisas minhas, você saberá no tempo certo. Isso! Tempo... Como eu gosto dele, cada coisa à seu tempo, deveria aplicar em todos os momentos da minha vida, não só quando eu estou com alguém, também quando estiver sem ninguém. O tempo é um bom remédio, sempre.
Subestimei demais o que eu tinha, desafios emocionais sempre me provocam e me chamam até o fim, inclusive até o meu fim, se eu não acordar antes do tempo me pego acabada, chorando por alguém que nem sempre vale a pena e ainda mais, esperando ele voltar... Veja só, esperar alguém voltar é algo bem triste. Existem pessoas que nunca voltam.
Bobeira era achar que era só uma coisa passageira e que no final, ainda seriamos eu e ele, juntos e felizes, com problemas resolvidos e uma rotina não muito cansativa. Ainda acredito em poder ficar com alguém durante o resto da minha vida, ao contrário de antes, hoje acredito em amor eterno- claro, que com alguns ajustes- com pessoas que valem realmente o esforço, pessoas que não dão muito trabalho e que não me questionem demais ou não, ainda não sei.
Não tive tempo pra pensar ainda no que eu espero do meu próximo amor, nem se eu quero que ele exista por enquanto... Quem sabe em um novo recomeço.
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
"Se pensar bem, verei que não preciso ser magro nem atlético nem um modelo de funcionário, não preciso ter muito dinheiro ou conhecer Paris, não preciso nem mesmo ser importante ou bem-sucedido. Precisaria, sim, ser um sujeito decente, encontrar alguma harmonia comigo mesmo, com os outros e com a natureza na qual fervilha a vida e a morte é apaziguadora".
Seu coração de cinza amassada, que tinha resistido sem
fraquejar aos golpes mais certeiros da realidade cotidiana,
desmoronou nos primeiros embates da nostalgia.
A necessidade de sentir-se triste ia se transformando num
vício conforme os anos a devastavam. Humanizou-se na solidão.

sábado, 8 de maio de 2010

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Saudade não é o que a gente sente quando a pessoa vai embora. Seria muito simples acenar um 'tchau' e contentar-se com as memórias, com o passado. Saudade não é ausência. É a presença, é tentar viver no presente. É a cama ainda desarrumada, o par de copos ao lado da garrafa de vinho, é a escova de dentes ao lado da sua. Saudades são todas as coisas que estão lá para nos dizer que não, a pessoa não foi embora. Muito pelo contrário: ela ficou, e de lá não sai.
A ausência ocupa espaço, ocupa tempo, ocupa a cabeça, até demais. E faz com que a gente invente coisas, nos leva para tão próximo da total loucura quanto é permitido, para alguém em cujo prontuário se lê "sadio". Ela faz a gente realmente acreditar que enlouquecemos. Ela nos deixa de cama, mesmo quando estamos fazendo todas as coisas do mundo. Todas e ao mesmo tempo. É o transtorno intermitente e perene de implorar por 'um pouco mais'.

Saudade não é olhar pro lado e dizer "se foi". É olhar pro lado e perguntar "cadê?".
"Todos os dias, quando se trata de amor, fazemos com muita delicadeza coisas um tanto grosseiras."
Como se estivesse exatamente onde ela queria estar, os olhos que ela queria fitar, a boca que queria beijar e a pessoa que ela queria amar. O vento era forte e ela não sentia frio, os beijos que subiam seu pescoço e paravam em sua orelha eram tão torturantes, mas ao mesmo tempo era o que aliviava as frustrações de tantas outras bocas erradas, tudo que precisava em uma só pessoa. Por íncrivel que parecesse, não era só carne, não era só fogo, era compreensão, cumplicidade e confiança. Era paz, nos dias de bem e afins, era guerra, nos dias cansativos e rotineiros, mas de um modo ela sentia que não só era correspondida como correspondia também. Ele nunca era um corpo todo, mas era sentimento completo.Não era o mais bonito, nem o mais engraçado, as vezes era bem idiota e irritante, mais irritante era o modo como ele sabia quando algo estava errado,o quão trasparente e frágil ela parecia ser quando ouvia a voz dele em seu ouvido e a invasão que ele fez e o desrepeito que ele teve coragem de tomar, quando mesmo sabendo que ela não queria sentir nada a fez sentir, que falta horrivel. O desfeitos aceitaveis e a vida que nunca era mais ou menos, intensidade era tudo e mais um pouco naquilo que tinham. Ele não precisava de palavras pra ela saber, bastava aquele olhar que ela conhecia de pouco tempo. As coisas recentes são mais facéis de lembrar. E ela não se preocupava em se entregar, como quisesse e quando quisesse, quando tudo aquilo acabasse, ela saberia que valera a pena e que depois de viver tudo aquilo, não seria nada mau guardar lembranças do que fez bem, não dizem que tudo que deixa saudade foi bem feito? :)
O perfume doce ardia em minhas narinas enquanto eu respirava, e cada toque parecia um choque. Era aquela agonia que movia, inconscientemente, cada parte do meu corpo e fazia com que trocassemos algo, que para ela era amor. Diante de tudo que estava acontecendo, lembrei-me da primeira vez que a vi, sentada, chorando e resmugando alguma coisa que ninguém entendia. Ela era tão frágil e delicada, tudo que eu queria era abraça-la e dar amor, perguntei-me quando ela havia tirado a capa e se tornado tão cheia de vontades e forte, onde eu estava quando isso aconteceu? Suas mãos percorriam minhas costas e seus lábios tocavam os meus, um espaço minúsculo entre meu corpo e o dela, tudo que podia ouvir além do vento na janela eram sua respiraçõe e alguns suspiros. Pensei nas vezes em que ela me contou sobre outros que passaram em sua vida, quantos suspiros ela não havia deixado escapar e quantas vezes já deixara sua mão percorrer as costas de alguém? Com a mão em minha nuca subiu em meu colo, ofegante, deixe-me levar e a toquei, mas quis fazer diferente, não usei minhas mãos, passei minha boca em cada parte que encontrava pela frente, foi quando soube que o que era pra ela naquele momento não era pra mim, eu não podia compartilhar o que ela sentia, o que ela queria, me senti exatamente como naquele dia, no dia em que ela disse que me amava e ficou esperando ouvir o mesmo. Ela era assim, do tipo que espera sempre algo em troca e isso não me deixava nenhum pouco a vontade,como se quisesse me tirar algo meu,me sentir na obrigação de dar só por ela querer... Nunca achei justo e não seria justo agora. Mal deitamos me levantei, beijei-lhe a testa e informei que estava indo, disse que a partir de amanhã as coisas iam ser do meu jeito. Mais uma vez uma noite perdida, com uma pessoa errada, em um dia completamente comum. O que é meu só vai ser de alguém, quando esse alguém for parte de mim.
O que seria pra ela um dia sem ele, oficialmente? Separação decretada com beijos e abraços de despedida. Nada muito convencional, como era de costume, sem choros nem velas e muitas explicações e lamentos. Se ela andasse por toda a cidade, visse quantas pessoas existem no mundo, casais, solteiros felizes ou não, ela se sentira menos só? Menos vazia e menos perdida? E pra onde ele iria depois? Chorar, estudar ou sabe lá o que... Acho que o que mais intrigava era o que ele ia fazer depois do termino oficial.
Tudo ou nada não era mais opção, nada é relativo pra quem tem amigos, família e um consciente bem ativo e tudo é demais, exageros enjoam e fazem a gente se perder.
Todo dia era menos um dia, menos um dia que eles não se viram, menos um dia que eles não se falaram, menos um dia que eles não comprovaram com atos o sentimento, menos ela e ele.
Mas sempre fica a dúvida no ar, a esparança de acontecer alguma coisa, um cartada final ou o final.
Mas ela ia esperar de qualquer jeito, abrir mão é tão dificil quando se é rico de alguma coisa.
-Essa história não te pertence! - e saiu.
Não que eu esperasse um "obrigado" ou coisa assim, mas também não esperava ser esquecida da minha própria desgraça.
Depois de muito tempo aprendi que poderia perdoar por mais que doesse e fiz. Perdoei, mas não esqueci.
Não que ele tivesse pedido perdão, mas se pedisse perdoaria.
Poderia até dizer "depois de tudo que eu fiz por você...", mas eu não fiz nada. Eu não estava lá quando ele percisou de um abraço, eu não estava lá quando ele precisou de companhia, de alguém pra escutar ao vivo, pra poder se sentir amado, eu não estava lá... Por mais que quisesse eu realmente não estava lá e por ser assim acabei não fazendo nada por ele...Depois, a frase que ele tinha me dito começou a fazer sentido. Agora que eu podia estar lá, era tarde demais. Agora que eu poderia recompensar o tempo perdido, a saudade, a falta, ele não precisava mais disso, ele já tinha feito a própria história sozinho, sem mim.
Enquanto eu acreditava que só por chamar ele de amor estava fazendo a minha parte da história, talvez ele estivesse fugindo por dentro, querendo achar uma saída de sair dali, eu confesso, preferia não ver isso, porque doía demais saber que o estava perdendo por mim mesma, sem esforços extras ou outras mãos no meio daquilo tudo, estava destruindo com a minha capacidade.
Não tive tempo de me acostumar com todas as coisas boas que ele poderia me dar, doar.
Enquanto eu o amava mais por esperar, esperando chegar a hora de poder dar tudo aquilo a ele, ele me amava cada dia menos involuntariamente cansado de tanto esperar.
Enquanto que para mim estava me tornando uma heroína por ganhar forças, ele estava se tornando fraco demais para carregar a história nas costas.
Enquanto que para mim as coisas estavam indo quase bem, muita coisa pra ele estava quase insuportavel.
E hoje, enquanto achava que estava com a razão, percebi agora dez minutos depois que nunca estive com ela.
A razão foi o que sempre me faltou... E acho que não é de hoje.

Curta o tempo, curta sorte

-É na segunda fase que o governo passa a dar prioridade para a indústria ao invés de priorizar o café, foi assim que o Brasil fez a transição de econômia agrário-exportadora para urbano-industrial. Quase tudo começou ali, em 1930. Não é interessante como tudo mudou depois da industrialização? Como o mundo se adapta ao desenvolvimento?
- A quanto tempo usas teu cabelo jogado pro lado? o.o
-Ham? Ouviu o que eu falei?
-Ah, da indústria e tal, 1930?
-ÉÉÉ, da segunda fase industrial? Ouviu tudo?
-É pra falar a verdade ou te deixar menos irritada comigo hoje?
-Ah! Quer saber? Deixa pra lá sabe?! Nunca me ouves, nunca é interessante, que saco meu...
-Ficas tão linda com essa ruguinha na testa e a cara de malvada- ele riu e a abraçou - Amor, deixa disso, lógico que eu te escuto, mas a gente passa tão pouco tempo juntos que eu só não consigo parar de te olhar, só isso.
-Pára cara! Sério.
-O que eu fiz agora?
-O que tu faz sempre.
-E o que eu faço sempre?
-Me irrita!!!
-EU?
-Sim, quem mais?
-Tu que fica irritada, eu não te irrito.
-Olha ai, tá fazendo de novo, cara não existe isso... Fazes de próposito, porque sabes que eu vou me irritar, caralho o que ganhas com isso?
-Eita, ainda nem fiz nada, imagina quando eu começar a te provocar dizendo que és sempre tão dramática.
-Olha ai, de novo cara. Tu sabe que eu não gosto que fales isso e falas. Fica falando as coisas que tu queres falar, mas não tem coragem, em forma de brincadeira, pra tirar teu corpo fora assim que eu começar a te encostar na parede.
-Mano, quando que começou a briga mesmo? Desculpa a dois minutos atrás eu quis tirar uma dúvida e não sabia que ia dar nisso, nem vou perguntar da unha verde então, se não a gente termina.
-E quem tá brigando aqui? Tu tá brigando comigo? Porque eu não tô fazendo nada, além de falar a verdade, se falar a verdade pra ti é brigar então eu sou a maior brigona do mundo...
-Ainda bem que sabes - falou isso com a cara irônica.
-Oh! Começou já as ironias, por que sempre fazes isso? MEU DEUS, que saco tudo isso viu? Tens o dom de me irritar.
-Já disse... Tu que tens o dom de ficar irritada, isso sim. Nunca vi igual, te contar hein ?!
-Quem sabe se não me irritasses e quem sabe se tu não fizesse tão pouca questão de mim e não fosses igual a tantos outros, quem sabe assim eu ia ser menos chata? - falou com ar de triunfo.
-Então quer dizer que eu sou igual aos outros? Tipo... Os outros como os teus ex que te traíram, ou os outros que nunca te pediram em namoro por achar que é perda de tempo?
-Ai, ninguém tá falando disso, igual aos outros de não se importar com o que eu falo. E o que os meus ex tem a ver com isso? Nossa, eu nunca te contei as coisas pra ficares jogando na minha cara, se eu soubesse nem saberias de metade da minha vida, querido.
-Bom... Acho que depois de te ver pelada, isso é o de menos, não achas?
-É verdade :), tens razão como sempre néé?
-E agora quem é ironico aqui? - e caiu na gargalhada.
-Que bom que achas isso engraçado, porque eu não vejo graça nenhuma.
-É tão ridiculo o modo como as coisas mudam do nada com a gente, uma hora a gente tá super bem e depois a gente tá aqui quase se matando.
-Pois é né? De quem será a culpa?
-Nossa!
-Tua!
-MINHA?
-Sim! De quem mais seria?
-Ih! Vai começar de novo.
-Quem disse que tinha terminado?
-Ah, foi alarme falso então... Poxa vida.
-Ah, quer saber? Tô indo, fica ai com a tua ironia e as tuas brincadeiras, o dia que assumires a tua imaturidade quem sabe a gente conversa.
-Tá indo pra onde?
-Pra onde mais? Pra minha casa néé?!
-Vais sozinha uma hora dessas?
-Vou com Deus querido e ele não faz ironia, tô bem acompanhada.
-Ah, então beleza. Ia dizer "vai com Deus" mesmo, mas já que vais com ele, não preciso dizer.
-Aham, verdade. To indo, beijos.
Ela saiu com raiva, ele preocupado e triste "mais uma briga idiota" ele pensou, também pensou em ir atrás dela e pedir desculpas, mas ele sempre fazia isso, ela já estava acostumada. Provavelmente ela estaria na portaria esperando ele descer e pedir desculpas, como sempre fazia... Porém ela já estava quase chegando na parada de ônibus, quando atravessou a rua e um carro, que vinha na contra-mão, bateu-a em alta velocidade e fez com que aquela briga, tão chata e de sempre, fosse a última briga...
Ao contrário do que todos pensam... Ela não morreu (por sorte), nem ficou deficiente, o que aconteceu na verdade foi que eles dois acordaram e perceberam, depois do desespero, que cada dia é único e pode ser o último dia que tens para amar alguém e fazer com que essa pessoa saiba disso... Era perda de tempo pensar no que dava errado, no que não era bom, nos defeitos e nas ironias... O tempo é curto e a sorte pode ser também.

Veja bem, querido.

"Veja bem, querido... Falsa? Não, estou sendo sincera, dessa vez foi um querido carinhoso, paciente. Sei, mas espere, deixa eu te falar para que liguei... Não conheço nem a Marilda, quem dirá o João, marido dela. Tudo bem, espero sim..."
Desliguei. Já esperei demais, 27 anos para conhece-lo, três meses para experimenta-lo, um mês para ele voltar de viagem, dois anos para tentar esquece-lo, acho que dois minutos só iriam aumentar a história.
Pois bem, não teria nada de bom a contar mesmo, para ele no caso, porque a história está bem feliz até agora, cortei o cabelo, mas não era isso que ia falar, na verdade ia desmarcar o encontro dessa noite, pensei bem, bastante mesmo e percebi que ainda sou medrosa, tenho medo de destruir o trabalho de dois psicólogos e de noites mal dormidas pensando. Sou mais eu, inteira, nem tanto devido a parte do cabelo, revestida de sinceridade, sorrisos e uma brilhante esperança tranquila, serena. Ainda sou intensa, quem quiser que experimente, mas a intensidade passou a existir pela busca do equilibrio, tranquilidade demais abala qualquer mulher. Agora, para que eu ia contar isso para ele? Tanto faz, talvez ele nem aparecesse mesmo e se aparecesse ia destruir com as minhas expectativas, que demorei tanto construindo um dia antes... Acho que vou ligar para a Ana, ela vai entender do que eu estou falando, afinal depois de casar três vezes você entende o que qualquer pessoa fala.

A moça da menina

(...)mas eu ainda tenho quase certeza que a irresponsabilidade ainda vive em alguma parte perdida, nela bem no fundo combina. Diria que ela perdeu o jeito para algumas coisas, como aquela coisa que toda mulher tem, um "Q" a mais para chamar a atenção, deixou de ter a sorte que o encanto menina-moça trazia.
Hoje, não mais gasta seu tempo falando o que pensa, o que seria melhor e tentando fazer com que as pessoas a escutem, tudo que ela solta muitas vezes é um "tudo bem, não tem problema", " Ah, deixa, nem era nada demais mesmo" isso já basta, o cansaço toma conta muitas vezes.
Conversando com ela, percebi que ela não percebeu que cada dia está mais perto do que ela queria semana passada, "não aguento mais, quero sair daqui, minha liberdade, cadê?" quase um grito, abafado muitas vezes, mas ainda sim um grito, ontem nem ouvi reclamações, nem aquele olhar de "fazer o que né?", mas ouvi essa frase, não lembro bem porque ela falou isso, mas eu ouvi.
Ah, e o egoísmo, quase ia me esquecendo, acredite, se quiser, não sei para onde foi, acredite, se quiser, ela se doou para alguém e acredite, se quiser, não funcionou muito bem, mas ela não se importou, continua querendo se doar mais e mais e mais, até dar certo um dia.
Talvez essa menina-moça não seja mais tão menina assim, será que a moça engoliu a menina? Ou a menina da moça também cresceu?

Menina-Sol

Roupas frescas, que esquentam os olhos de quem se interessa pelo nú, cores quentes- amarelos, laranjas, vermelhos- e um cabelo, se não fosse pelas luzes, que parece acidental.
É como se ela acabasse de sair de um clube, vir de uma praia ou estivesse em plenas férias. Estamos no final de Abril, chuvas torrenciais, quase diluvios e um tempo nublado como a tristeza dos urbanos, mas ela continua andando por aí como se fosse verão.
Vendo pelo meu olho adulto poderia dizer que ela só não sabe se vestir, chega a perder noção do ridículo, quer atenção "pobre menina, carente, sozinha... Ridículo".
Vendo pelo meu olho infantil... "Será que ela vê o Sol em algum lugar?", ela pode ter um Sol particular ou ser o próprio. Ser o astro deve esquentar demais, por isso a pouca roupa, e ter uma bola de fogo perto de você pode dar a mesma sensação. Onde ela vive nada é ensopado, frio, alagado, perdido, é calor 24 horas, suor, alegria... "Por que ela não derrete?" bom, acho que ela é o Sol mesmo, só ele para se aturar, só ela para se sentir, que coisa engraçada, menina-Sol.

Um clichê ou o que?

- Ana, preciso te contar uma coisa.
-Conta.
-Sabe ontem? Que eu disse que ia estudar e por isso a gente não podia mais sair?
-Sei.
-Então... Eu menti.
-Eu sei.
-Como sabes?
-Porque não sabes mentir, deixas dúvidas, quem mente tem que pensar em todas as perguntas possíveis.
-Verdade, desculpa Ana.
-E a verdade, por falar nela?
-Bom... Fui encontrar com uma pessoa.
-Uma menina?
-Sim.
-Pra ficar?
-Sim.
-Hum...
-Fala alguma coisa, Ana.
-Mentira é a única coisa que eu não deixo passar, Pedro.
-Poxa, pelo menos eu contei a verdade Ana, eu poderia ter um desconto.
-Sabe, esse que é o problema de muita gente de hoje, acha que verdade é um favor que fazem para as pessoas. A verdade é uma obrigação Pedro, mas as pessoas fogem de obrigação, então inventaram que a verdade era um tipo de compaixão pela pessoa à quem mentiu, mas não é.
-Mas Ana, eu não queria te machucar.
-Claro, porque eu ficaria muito feliz quando daqui a duas semanas, se o encontro desse certo, me trocasses por uma pessoa que pode sempre estar contigo, eu realmente estaria salva de qualquer ferida que pudesses me causar.
-Não, poxa, eu não queria que ficasses chateada e eu nem sabia se o encontro ia dar certo mesmo, tenta entender, a gente nem tem nada Ana, a gente nem pode ficar juntos
-Pedro, eu sempre dei liberdade para contares qualquer coisa para mim, qualquer coisa, podia ser qualquer coisa ruim, mas verdade é primordial em qualquer relação que exista sentimento, qualquer relação.
-Eu sei, desculpa Ana, não pensei nisso.
-Eu tinha o direito de escolher...- algumas lágrimas caiam em seu rosto- Eu tenho o direito de escolher se eu quero ser a segunda opção de alguém ou não, eu tenho direito Pedro. Eu tenho o direito de saber que eu estou sendo trocada, desamada, esquecida, eu tenho o direito de me sentir à vontade para seguir minha vida, eu tenho o direito.
-Mas Ana, a gente tá numa situação assim, sem nomes, sem nada, a gente nem pode se ver... Isso acontece, a gente não combinou nada e podes, sim, viver tua vida, não te impeço de nada.
-Quando a gente gosta de alguém, como eu gosto de ti, qualquer fio de esperança é o que segura a gente até arrebentar de vez. Tá do teu lado, tá tentando tá do teu lado é meu fio, eu tinha o direito de saber que meu fio não adianta mais, que minha esperança é em vão. Eu nunca vou te largar por opção, só por consequencia.
-O que queres dizer com isso?
-Que eu não quero mais nada disso, que podias ter me dado a opção de tá do teu lado sabendo que era segundo plano: eu ficaria Pedro. Eu teria tempo de estar preparada emocionalmente pra essas coisas, sabes o quanto eu tenho medo e o quanto eu gosto de me proteger, mas preferiste escolher por mim, me fazer de boba e agora, como consequencia da minha decepção, eu tô largando toda essa misturada de sentimento que eu sinto por ti, tô te largando Pedro.
-Mas Ana, eu percebi que te amo.

Clichês da vida: uma mentira, uma menina decepcionada e um homem que, depois de perder quem alimentava seu ego, descobriu que amava.
...O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou? O que está acontecendo? Eu estava em paz quando você chegou...
-O que você queria fazer agora?
-Levar você comigo pra praia, a maré tá cheia uma hora dessas, a lua também... E você?
-Gostaria de ser levado por você até a praia, a maré tá cheia, a lua também...- sorrisos.
-Mas infelizmente são só 'querimentos'.
-Naaada! A gente pode sentar ali na beira da vala também, ou ficar perto da piscina e bater na água, parece onda não parece?
-Sem comentários u.u
-Bora ? Eu te levo.
-Pra praia?
-Não, mas no prédio tem piscina :/
-Tudo bem, serve!
-Obrigada por me amar mesmo assim.
-De nada, é um favor que me faço também.
-Você envelheceria comigo?
-Hum...Acho que não.
-COMO ASSIM?
-Não quero envelhecer, muito menos que você me veja velha.
-Por que?
-Ora, porque eu vou estar toda enrugada, flácida e rabugenta.
-Ah, mas se for por isso nem te preocupa.
-Por que já?
-Porque tu não vai ter mudado nada e eu sempre te amei.
-Que consideração hein?!
-Amor, envelhecer não é só mortes de genes, uma produção de colágeno quase inexistente... Envelhecer juntos é ter uma única história pra contar, compartilhar nossos sonhos, unir forças e vontades para fazer acontecer por muito tempo.
-Você me amaria então?
-Se você deixasse, sim.
-Então eu envelheceria com você.
...
-Você envelheceria comigo?
-Hum...Acho que não.
-Tem certeza?
-Por que?
-Se olha no espelho e você vai saber!
-Nem vi o tempo passar, o que aconteceu nos últimos anos?
-Nossa história.
-Eu fui feliz?
-Creio que sim.
-Você me amou?
-Todos os dias, até hoje!

leia qualquer dia.

Eu não tenho com quem conversar, pra quem responder e nem abraços eu estou dando.
Será que você poderia largar sua autoridade por um segundo e me dar liberdade por uma semana?
Todo mundo tá bem, as perguntas repetidas continuam acontecendo, o futebol ainda passando na televisão e o almoço ao meio dia em ponto, vovô continua fazendo alguma coisa na casa que nunca termina e eu... Bom, eu ando por aqui, fazendo nada como sempre.
Queria tanto te contar umas coisas, sabe? Deitar na cama e te fazer entender, falar dele e de como ele fala, meus planos pro ano que vem que já está chegando, te contar do sapato lindo que eu ia comprar, queria tanto que visses e falar da falta anônima que tu fazes pra mim, as vezes.
Por sinal... Já me acostumei, se eu não fosse tão dependente acho que nem faria tanta diferença assim, meu eu de nove anos que sente muito todos esses anos sensiveis que eu passei, mas só ele também e até ele hoje em dia está superando, ele está crescendo mãe, não é legal? Daqui a alguns anos eu e meu lado de ontem vamos ter a mesma idade e daqui a mais uns anos vou viver de irônia como todos os outros que conhecemos.
Ando querendo perder o medo do não, sabe? Largar algumas paranóias e talvez mudar de ideia sobre muitas coisas, não sei ainda se preciso de ajuda de fora ou se eu consigo fazer sozinha, só sei que se eu precisasse talvez pedisse pra ti :).
Minha época do ano favorita começou mãe *-*, tô tão feliz. Chuva, frio e as ideias florindo, éé tudo tão bom pra mim, assim eu posso ficar em casa sem reclamar, não estou molhando minhas calças novas :D
boa tarde mãe, espero receber respostas logo.
beijos,
te amo.

Carta para uma mãe.

Quando você vier, não se esqueça de trazer o sol contigo, dissestes que mandaria assim que chegasses e até hoje não recebi. Quando você vier, traga um pouco, em um pacote, melhor, em uma vasilha aquele negócio que você falou, como é mesmo o nome? Ah, amor. Sinto dizer, mas desde que você se foi andamos muito descrentes, insatisfeitos e desapontados com muitas coisas, talvez quando chegues encontre uma casa desarrumada, louça pra lavar e roupas no chão. Muitas coisas mudaram, como o tempo que demora pra passar e o mês que semana passada pareceram um ano, as plantas estão menos verdes e os cachorrinhos tristes, nem o peixe come mais como antes.
Desde que se foi, ele anda mais perdido e desconcentrado, errou duas vezes o caminho e vive ao lado do telefone, lembra como ele não suportava atende-lo? As ruas parecem diferentes agora, não sei se o caminho mudou ou se ele mudou o caminho. Ontem andamos a cavalo e apesar da alegria de Aurora os risos não eram tão felizes. Não asfaltaram a rua ainda e parece que a cada dia que chove aparecem mais buracos, o shooping anda vazio, as casas mudaram de cor e muita gente viajou também.
Não sei o que está acontecendo, bastou você ir. Não sei se a cidade que mudou ou se foi você que mudou da cidade.
Tento identificar o instante, quando o que tínhamos se perdeu. Mas nem sei se o perdemos juntos ou se juntos já não estávamos. Me desespera saber que um amor, um dia desses tão grande, possa ter desaparecido com tanta facilidade.
Como já disse, estou triste; e isso me faz acreditar no poder das cartas. Não falo de tarô, mas destas, escritas e mandadas ou não mandadas. Cheias de questões e metáforas, que assim, misturadas cuidadosamente, num cafona português polido, soam mais sensatas.
Qual poder espero desta carta? Simples: que deixe registrado este meu estranho momento. Quando o que devia ser alívio revela-se angústia. E a cabeça não pára, vasculhando cantos vazios.Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo?Aposto que você está pouco se lixando para isso tudo. Que seguiu sua vida tranqüilamente, como se nada de tão importante tivesse ocorrido. E está até achando graça desta minha carta, julgando-a patética e ridícula. Você, redundante como sempre.(...)
Se algum dia, tendo bebido demais, sei lá, você acabar pensando tolices parecidas com estas, escreva também uma carta. Mesmo sem jamais saber o que você irá dizer, sei que ela fará de mim menos ridícula. Neste amor e, por isso, em todo o resto. Pois adoraria que você fosse capaz de tanto - escrever uma carta é um ato de desmedida coragem. E eu ficaria, enfim, feliz comigo, por tê-lo amado. Um homem assim, capaz de escrever bobagens amorosas.Então é isso - como sou insuportavelmente romântica, meu Deus. Termino aqui essa história, de minha parte, contando que estas palavras façam jus ao fim do amor que senti. E deixando este testamento de dor, onde me reconheço fraca e irremediável. Porque ainda gostaria de poder acreditar que você nadaria de volta para mim.
Fiz meus olhos ingênuos. E a minha alma vestiu-se
de muita luz acalmada e fecunda
sob um sol que eu sabia morto há muito.

Desci ao fundo da sabedoria e trouxe
frases serenas como um fruto em sazão plena
para ofertar-te aos lábios tristes.

Menti uma felicidade loira e linda.
Disse que a vida é boa e no caminho
há sombras de conforto adormecidas.

E esse jogo pueril de crenças ilusórias
foi para que ficasses na alegria da espera,
cantando, descuidada, como outrora.

Paga-me agora todo o bem com que viveste,
não perguntando, mesmo a ti, porque fiz isso..
Às vezes, quando vejo uma pessoa que nunca vi, e tenho algum tempo para observá-la, eu me encarno nela e assim dou um grande passo para conhecê-la. E essa intrusão numa pessoa, qualquer que seja ela, nunca termina pela sua própria acusação: ao nela me encarnar, compreendo-lhe os motivos e perdôo. Preciso é prestar atenção para não encarnar numa vida perigosa e atraente, e que por isso mesmo eu não queira o retorno a mim mesmo.
Me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame. Fico pensando como chegamos a esse ponto. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? Sinceramente, abro mão. Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Bom é isso, se agora isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se expurga um câncer sem matar células inocentes.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Conselho

Jamais e peço pra ti que, por favor, não se afaste de mim enquanto a gente ainda continua amigo.
Pela primeira vez, conheço uma pessoa que realmente tem motivos de verdade pra se sentir mal. Normalmente as pessoas reclamam de barriga cheia, mas nem sabem o que realmente é difícil. Eu não sou ninguem pra falar que tu deve esquecer, ou que tu deve ir atrás e reconquistar. Mas de uma coisa eu concordo com ele, mas em outras concordo contigo e até concordo em uma com sua mãe, primeiro:
Concordo com ele, porque, realmente, no início o erro foi seu -enquanto você falava nos teus medos eu tava ouvindo uma musica chamada: durma medo meu e deu pra pensar direitinho na situação- ele sofreu muito com sua indecisão e, por experiência própria, eu sei que dói muito. Mas acho que isso nao é motivo pra ele fazer o que fez.
Ele errou em ficar com outra menina gostando de você, mas eu também errei nisso com Leticia então acho que isso nao fez muita diferença porque ele se arrependeu de verdade, acredito eu. Mas acho que ele pegou um pouco pesado te cobrando, ele devia ter ficado na dele e esperado o tempo certo das coisas. O seu medo só acontece quando ele não mostra firmeza pra você poder confiar nele, você dependia dele pra perder o medo e nao de você, era uma questão de confiança.
Sua mãe teve razão, quando disse que se ele realmente ainda gostasse ele teria ido
porque tu pode ter certeza vei, estando onde estiver, eu vou até andando se ela disser que é comigo que ela quer ficar, mas a gente depende de uma conversa em um determinado lugar.
Faltou maturidade nele apesar da idade. Faltou serenidade em você, acho que pela falta de experiência ou pelo convívio que tem com sua família. Faltou coragem nele na hora de decidir tudo e o que tu fez no prédio... Tu não errou e não deve se sentir culpada por isso.
Tu fez certo, foi lá falou o que tinha que falar e ouviu o que nao precisava ouvir.
Não quero, jamais, tentar colocar coisa na sua cabeça , até porque tu nem me conhece e isso seria praticamente impossível, mas dizer que tá sem carro nao é desculpa e falar que tava limpando a casa é muito fácil. Ele realmente pode não ter marcado nada contigo, mas por obrigação ou por consideração respondesse a mensagem, pelo menos pra dizer que não dava pra ir, colocando motivos, nem que no outro dia ele fosse na casa da sua mãe pra conversar contigo e com ela.
Os pais gostam que o homem, no caso dele, mostre firmeza, maturidade e respeito. Acho que esse tipo de decisão, pra ser tomada, não pode ir somente pelo coração ou pela razão, mas sim a mistura dos dois com o tempo.
Razão, coração e tempo é o que precisa. E pra isso precisa ter paciência, porque é um caminho difícil.
Se vocês realmente se gostam, pode aparecer gente na tua vida e na dele, que lá na frente vocês se encontram e ficam juntos de novo.
Meu pai é uma cara que me aconselha muito e ele me disse uma vez, em figura de linguagem, bem assim:
- O que é do homem o bicho não come!
Tem tua mãe, que te dá apoio em cada passo na vida, tu tem saúde, tu tem uma vida, tu é linda, inteligente e gente fina demais, então vei, se não for ele... É outro que merece você e você merecerá outro.
Tem sempre uma pessoa pra gente, às vezes os que vão muito em busca da felicidade acabam não percebendo que ela está bem pertinho.
A felicidade tá em nós mesmos... E outra coisa, quanto mais tu se mostra feliz, mais bonita tu fica, irradia felicidade, gentileza, humildade... Mostra de verdade, não só pra ele, mas pra todo mundo, a pessoa que tu me demonstrou ser nesses poucos dias que a gente conversou.
Eu tô impressionado com a pessoa que você é, desejo tudo de bom pra ti e, pode ter certeza, que tu descolou um amigo que tu vai poder contar quando quiser.
Não vou passar a mão na tua cabeça se tu tiver errada, mas não vou te julgar, nem te condenar, até porque quem sou eu?
- Um simples merda, que também tá tentando ficar sempre bem.  
Tenha como exemplos pessoas que vem se tornando grandes pessoas ao lado de quem ama,
tenta firmar sempre seu pensamento nas pessoas que são felizes. Quanto mais tu lê um drama, algo que te deixe com o coração mole, uma coisa triste- uma coisa que poderia ser melhor, mas nao foi- isso te abala e tu acaba se fragilizando pra tais coisas. E a pessoa acaba viciando nisso,
nessa sensação, essa vontade de chorar e tal. É foda.
Eu sou um cara beeeeeeeem chorão.
Fica bem ,véi, encontra coisas na tua vida pra dar prioridade, procura manter sempre a cabeça ocupada, pra não pensar em coisas triste, que tu fica bem.
Vai se sentir feliz quando menos esperar.