quarta-feira, 5 de maio de 2010

O fato é que na verdade, ninguém nunca saberá o que se passa conosco, e nem poderia, e no meu caso nem eu gostaria... É tudo tão secreto quanto o segredo por trás da morte, e tão discreto quanto um carro alegórico. O erro do ser humano é achar que tudo é carne. E digo, nem todos os prazeres do mundo se comparam a emoção de um quase beijo! Sim, um quase beijo.
Falo da discrição alegórica, como diz alguém que a conhece muito bem. Se reparassem nos olhos, entenderiam o que digo.
Chega um momento em que as mãos se buscam sozinhas, que os braços se torcem, envolvem e apertam espontaneamente o tronco, o corpo, os ombros e o pescoço se fazem presente, isso é mágico. E a boca se anseia e se abre, num gesto quase involuntário, os olhos se fecham perdidos no calor do corpo. O coração pula e é como se tudo ao redor não existisse, as pernas permanecem imóveis, o corpo vacila. E quando os olhos se encontram e o querer é quase incontrolável... Ela volta à realidade e o beija a testa. (AHHHHHHHHHHHHHH!)
Pedindo perdão por não conseguir conter esse sentimento. Por não destruir aquela raiz que ele se transformou dentro do peito dela, aquele peito machucado de tanto amar errado, tão machucado. Para ela, ele é a figura mais bonita que os olhos puderam contemplar, com aquela barba mal feita, aquela mania de puxar os pêlinhos sempre que a deixa tão aguniada por querer que a mesma mão que puxam os pêlos agarre-a e não largue, segure minha mão, antes de puxar os pêlinhos. Sendo assim, E eu repito... Se reparassem nos olhos, temo que descubram toda a verdade, que só eles enxergam.
Ela dizia que eram de planetas completamente diferentes, ela não o desmentia, eram de verdade, mais não podiam negar que se completavam de maneira absurdamente única. Mas talvez só ela pensasse assim. Ela chegara à conclusão que ele era o "menino" certo na hora completamente errada. Não para ele, e sim para ela, que teimava a tentar encontrar uma solução lógica para aquele impasse. Ele parecia estar preso ainda ao passado.
Não sei se já lhe contei leitor, mas aquele amor era a coisa mais errada que podia acontecer, era o que a sociedade mais criticava e contestava. Afinal, ele era um homem comprometido perante seu futuro e os homens... Não tinha mais o direito de olhar para nenhuma outra... Se não fosse pelo olhar dela no outro lado da rua quando estavam á atravessa-la.
E ela...?! Até tentou, mais ninguém lhe tirava aquele sorriso da cabeça, ninguém preenchia aquele buraquinho. Nenhum cara era ele, e foi assim que ela simplesmente parou de procurar uma solução para aquele vazio.
Só o fato de estar ao lado dele já a fazia feliz. Por que, repito, nem tudo é carne. No começo ela achou que enlouqueceria com tanta paixão guardada no peito. Mais acabou descobrindo que era muito mais que isso, e aprendeu a lidar com certos caprichos do coração.
Ela, já havia se penitenciado demais, por chegar a um dia inteiro só nele. Agora isso já não tinha tanta importância, já era rotina fugir de tudo e lembrar-se dele. E ela esperava ele todos os dias ao fim da tarde, o mesmo que sempre não havia vindo no final do dia anterior..

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