sexta-feira, 7 de maio de 2010

Curta o tempo, curta sorte

-É na segunda fase que o governo passa a dar prioridade para a indústria ao invés de priorizar o café, foi assim que o Brasil fez a transição de econômia agrário-exportadora para urbano-industrial. Quase tudo começou ali, em 1930. Não é interessante como tudo mudou depois da industrialização? Como o mundo se adapta ao desenvolvimento?
- A quanto tempo usas teu cabelo jogado pro lado? o.o
-Ham? Ouviu o que eu falei?
-Ah, da indústria e tal, 1930?
-ÉÉÉ, da segunda fase industrial? Ouviu tudo?
-É pra falar a verdade ou te deixar menos irritada comigo hoje?
-Ah! Quer saber? Deixa pra lá sabe?! Nunca me ouves, nunca é interessante, que saco meu...
-Ficas tão linda com essa ruguinha na testa e a cara de malvada- ele riu e a abraçou - Amor, deixa disso, lógico que eu te escuto, mas a gente passa tão pouco tempo juntos que eu só não consigo parar de te olhar, só isso.
-Pára cara! Sério.
-O que eu fiz agora?
-O que tu faz sempre.
-E o que eu faço sempre?
-Me irrita!!!
-EU?
-Sim, quem mais?
-Tu que fica irritada, eu não te irrito.
-Olha ai, tá fazendo de novo, cara não existe isso... Fazes de próposito, porque sabes que eu vou me irritar, caralho o que ganhas com isso?
-Eita, ainda nem fiz nada, imagina quando eu começar a te provocar dizendo que és sempre tão dramática.
-Olha ai, de novo cara. Tu sabe que eu não gosto que fales isso e falas. Fica falando as coisas que tu queres falar, mas não tem coragem, em forma de brincadeira, pra tirar teu corpo fora assim que eu começar a te encostar na parede.
-Mano, quando que começou a briga mesmo? Desculpa a dois minutos atrás eu quis tirar uma dúvida e não sabia que ia dar nisso, nem vou perguntar da unha verde então, se não a gente termina.
-E quem tá brigando aqui? Tu tá brigando comigo? Porque eu não tô fazendo nada, além de falar a verdade, se falar a verdade pra ti é brigar então eu sou a maior brigona do mundo...
-Ainda bem que sabes - falou isso com a cara irônica.
-Oh! Começou já as ironias, por que sempre fazes isso? MEU DEUS, que saco tudo isso viu? Tens o dom de me irritar.
-Já disse... Tu que tens o dom de ficar irritada, isso sim. Nunca vi igual, te contar hein ?!
-Quem sabe se não me irritasses e quem sabe se tu não fizesse tão pouca questão de mim e não fosses igual a tantos outros, quem sabe assim eu ia ser menos chata? - falou com ar de triunfo.
-Então quer dizer que eu sou igual aos outros? Tipo... Os outros como os teus ex que te traíram, ou os outros que nunca te pediram em namoro por achar que é perda de tempo?
-Ai, ninguém tá falando disso, igual aos outros de não se importar com o que eu falo. E o que os meus ex tem a ver com isso? Nossa, eu nunca te contei as coisas pra ficares jogando na minha cara, se eu soubesse nem saberias de metade da minha vida, querido.
-Bom... Acho que depois de te ver pelada, isso é o de menos, não achas?
-É verdade :), tens razão como sempre néé?
-E agora quem é ironico aqui? - e caiu na gargalhada.
-Que bom que achas isso engraçado, porque eu não vejo graça nenhuma.
-É tão ridiculo o modo como as coisas mudam do nada com a gente, uma hora a gente tá super bem e depois a gente tá aqui quase se matando.
-Pois é né? De quem será a culpa?
-Nossa!
-Tua!
-MINHA?
-Sim! De quem mais seria?
-Ih! Vai começar de novo.
-Quem disse que tinha terminado?
-Ah, foi alarme falso então... Poxa vida.
-Ah, quer saber? Tô indo, fica ai com a tua ironia e as tuas brincadeiras, o dia que assumires a tua imaturidade quem sabe a gente conversa.
-Tá indo pra onde?
-Pra onde mais? Pra minha casa néé?!
-Vais sozinha uma hora dessas?
-Vou com Deus querido e ele não faz ironia, tô bem acompanhada.
-Ah, então beleza. Ia dizer "vai com Deus" mesmo, mas já que vais com ele, não preciso dizer.
-Aham, verdade. To indo, beijos.
Ela saiu com raiva, ele preocupado e triste "mais uma briga idiota" ele pensou, também pensou em ir atrás dela e pedir desculpas, mas ele sempre fazia isso, ela já estava acostumada. Provavelmente ela estaria na portaria esperando ele descer e pedir desculpas, como sempre fazia... Porém ela já estava quase chegando na parada de ônibus, quando atravessou a rua e um carro, que vinha na contra-mão, bateu-a em alta velocidade e fez com que aquela briga, tão chata e de sempre, fosse a última briga...
Ao contrário do que todos pensam... Ela não morreu (por sorte), nem ficou deficiente, o que aconteceu na verdade foi que eles dois acordaram e perceberam, depois do desespero, que cada dia é único e pode ser o último dia que tens para amar alguém e fazer com que essa pessoa saiba disso... Era perda de tempo pensar no que dava errado, no que não era bom, nos defeitos e nas ironias... O tempo é curto e a sorte pode ser também.

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