sexta-feira, 7 de maio de 2010

O perfume doce ardia em minhas narinas enquanto eu respirava, e cada toque parecia um choque. Era aquela agonia que movia, inconscientemente, cada parte do meu corpo e fazia com que trocassemos algo, que para ela era amor. Diante de tudo que estava acontecendo, lembrei-me da primeira vez que a vi, sentada, chorando e resmugando alguma coisa que ninguém entendia. Ela era tão frágil e delicada, tudo que eu queria era abraça-la e dar amor, perguntei-me quando ela havia tirado a capa e se tornado tão cheia de vontades e forte, onde eu estava quando isso aconteceu? Suas mãos percorriam minhas costas e seus lábios tocavam os meus, um espaço minúsculo entre meu corpo e o dela, tudo que podia ouvir além do vento na janela eram sua respiraçõe e alguns suspiros. Pensei nas vezes em que ela me contou sobre outros que passaram em sua vida, quantos suspiros ela não havia deixado escapar e quantas vezes já deixara sua mão percorrer as costas de alguém? Com a mão em minha nuca subiu em meu colo, ofegante, deixe-me levar e a toquei, mas quis fazer diferente, não usei minhas mãos, passei minha boca em cada parte que encontrava pela frente, foi quando soube que o que era pra ela naquele momento não era pra mim, eu não podia compartilhar o que ela sentia, o que ela queria, me senti exatamente como naquele dia, no dia em que ela disse que me amava e ficou esperando ouvir o mesmo. Ela era assim, do tipo que espera sempre algo em troca e isso não me deixava nenhum pouco a vontade,como se quisesse me tirar algo meu,me sentir na obrigação de dar só por ela querer... Nunca achei justo e não seria justo agora. Mal deitamos me levantei, beijei-lhe a testa e informei que estava indo, disse que a partir de amanhã as coisas iam ser do meu jeito. Mais uma vez uma noite perdida, com uma pessoa errada, em um dia completamente comum. O que é meu só vai ser de alguém, quando esse alguém for parte de mim.

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