sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Coisas que já me importaram à beça já não me importam nem um pouco, enquanto aquilo que essencialmente sempre teve importância me importa, agora, com mais nitidez. Como deve acontecer com outros tantos aprendizes da coragem, às vezes, cansadíssima das lições e do método pedagógico, eu recordo que a covardia, pelo menos na aparência, é bem mais fácil, bem menos trabalhosa, e, claro, bem mais egoísta, eu já estive lá com muito mais frequência. Mas aí, justo neste ponto, costuma acontecer algo bem bonito: também recordo de cada flor que veio à tona só porque tive coragem de cuidar da semente. Só porque não me acovardei, mesmo que tantas vezes com todo medo do mundo.

sábado, 25 de dezembro de 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Habla Con Ella

Tu mentes pra ti mesma, porque o fazes? Porque mentes pra ti mesma? Porque me culpa, o medo, a falta e a lápide se são todos teus ausentes? Porque desconstruir e desconcertar, fechar-se e humilhar-se à frente do espelho? Porque tens medo? De que tens medo? Todos nós nos machucamos passarinha, todos nós doemos um pouco e é justamente o que te falta aceitar. Precisas doer passarinha, precisas doer a dor que sentiste ao suspirar pela primeira vez em vida, assim segue, pequeña, assim segue, cariño. Não te esconde dos teus anseios porque eles te perseguem até o cansaço, até o desespero, até a morte. Não menospreze a dor, por que dor sendo como é, é sempre e sempre será tua maior aliada, teu abraço afago, mais que qualquer homem viril, mais que qualquer pênis rijo, mais que qualquer clichê “teleno.velado” . Precisas do medo como a maior declaração de amor existente, como a maior palavra-símbolo da história, que são farsas. Abraça as tuas farsas... Abraça tuas farsas com carinho, entende teu medo e o ame, não há nada melhor do que amar o medo, eles se suprem igualmente, diferente do ódio que se engole por si. Não tenhas medo de amar o medo... Não tenha medo de saber que as tuas mentiras são mentiras, que são sujas, que são feias... Abraça tuas farsas porque são o que és. E és linda, cariño... Abraça tuas farsas, abraça tuas farsas ou as facas, de uma vez.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quando Nietzsche chorou

“Com o tempo, eu lhe ensinarei como superar. Você quer voar, mas não se pode começar a voar voando. Primeiro, tenho que lhe ensinar a andar, e o primeiro passo ao aprender a andar é entender que quem não obedece a si mesmo é regido por outros. É mais fácil, muito mais fácil, obedecer a outro do que dirigir a si mesmo.”
“- Noto apenas que estou devastado pelo pensamento de Bertha com outro homem. Por favor, adicione “ciúmes” á lista: é um de meus maiores problemas. Estou infestado por visões dos dois conversando, se tocando, até fazendo amor. Embora tais visões me inflijam grande dor, continuo a me atormentar. Consegue entender uma coisa dessa? Alguma vez experimentou tais ciúmes?”
Talvez o mal é que a gente pede amor o tempo todo.
Não se preocupa nunca em dar amor, sem esperar reciprocidade. O meu livro está cheio de dedicatórias. Quando eu escrevo alguma coisa que sai de dentro, lá do fundo, dilacerada, e eu dedico a alguém, eu dou tudo aquilo que eu vivi, que eu senti, pra essa pessoa. Muitas vezes eu não tive nada em troca. Então eu me senti profundamente frustrado, porque eu esperava receber alguma coisa.
(…) Eu perdi, eu tenho consciência absoluta de que eu perdi a oportunidade de amor mais viva e mais profunda que me foi oferecida até hoje. E agora eu não posso fazer mais nada. A gente tá se perdendo todos os dias, pedindo pra pessoas erradas. Mas o negócio é procurar. A gente não se recusar a se entregar a qualquer tipo de amor ou de entrega. Eu nunca vi por que evitar a fossa. Se a fossa veio é por ela tinha que vir. O negócio é viver ela e tentar esgotar ela.
A gente, quando tenta analisar qualquer problema, sempre vai aprofundando, aprofundando, até que chega nesse fundo que é amor sempre.
Eu consigo me expressar muito melhor escrevendo do que falando. Tem um negócio que eu escrevi aqui nesse conto, é um conto chamado "Apenas uma maçã": 
‘porque é certo que as pessoas estão sempre crescendo e se modificando, mas estando próximas, uma vai adequando seu crescimento e a sua modificação ao crescimento e à modificação da outra. Mas estando distantes, uma cresce e se modifica num sentido e a outra noutro, completamente diferente, distraídas que ficam da necessidade de continuarem as mesmas uma para a outra.
Uma pessoa quando tá longe vive coisas que não te comunica e tu aqui vive coisas que não comunica a ela. Então vocês vão se distanciando e quando vocês se encontram, vocês vão falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar por cima de tudo o que ele viveu e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam elas estão irremediavelmente perdidas uma pra outra.A gente sempre procura um amor que dure o mais possível. Procura, procura, talvez tu aches. Pra mim é horrível eu aceitar o fato de que eu tô em disponibilidade afetiva. Esse espaço branco entre dois encontros pode esmagar completamente uma pessoa. Por isso eu acho que a gente se engana, às vezes. Aparece uma pessoa qualquer e então tu vai e inventa uma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo, porque não agüenta o fato de estar sozinho.
Eu me sinto super feliz quando encontro uma pessoa tão confusa quanto eu