sexta-feira, 12 de novembro de 2010

- Lia?
Odeio encontrar conhecidos no mercado, eu sempre estou com o mesmo short jeans rasgado na parte da frente e uma blusa bem velha, parecendo uma flanelhinha.
- Beto?
Pior ainda quando esse conhecido é um ex rolo seu, que te deixou com uma desculpa besta de não ter tempo e agora namora com a vizinha bonitona do sétimo andar.
-Nossa, quanto tempo né?!
É, desgraçado, faz tempo mesmo, tipo assim, desde que me deste um pé na bunda!!
-Verdade, muito tempo mesmo- sorriso simpático, Lia, estás ótima de vida, vai que ele acredita.
-Nunca mais nos falamos, como estás?
Muito bem, mas não graças a você. Hoje pago a última parcela da conta do analista que passei a frequentar depois que me largaste, quitei a dívida com a telefonia celular, porque precisei falar com as minhas amigas as duas horas da madrugada para que elas tentassem entender comigo o motivo pelo qual me largaste, olha, cuidado hein?! Esse negócio que de madrugada paga menos... É tudo mentira.
-Ah, tudo tranquilo, graças a Deus.- sorriso mais que simpático, Lia.
-Poxa, que bom, Lia, como sempre linda.
-Ah, que é isso?! Brigada.- E você, como sempre, mentiroso.- Mas me conta, como tão as coisas?- a piranha já engordou ou te colocou um chifre?
-Tudo bem, tô trabalhando em outro lugar agora, ganhando melhor. Indo pra academia, né?! Tem que ficar bonito.
Salafrário, comigo só queria saber de breja e farra, tava cansado demais pra correr na praça, não tinha dinheiro pra nada, mas eu rachava feliz a conta do barzinho, que por sinal nunca gostei de frequentar. Vagabundo.
-Olha, que bom, pelo visto a mulher botou banca, hein?! Tá certo!- certo devia ser o soco que era pra dar na tua cara agora, filho da mãe.
-É né?! Sabe como é...
NÃO, NÃO SEI NÃO, aliás me explica desde o começo toda esse fuzuê que foi nossa relação, vamo alí sentar no banquinho pra gente bater esse papo. Começa me explicando porque planejaste tantas coisas se não ias ficar para ver elas sendo realizadas, depois me faz entender o motivo de tanta palavra bonita antes de me levares pra cama e o motivo do teu celular, uma semana após o acontecido, ficar sem rede no meio da cidade grande. Se puder, me diz também onde foi que eu apertei teu tempo, já que pra outra estavas disponível. Me diz, Beto, porque a verdade é tão difícil de ser dita, o que custa dizer: ah, Lia, tu é legal, bacana, engraçada, mas não rola, não gostei, sabe essa coisa de química? Então, não aconteceu. Eu ficaria puta de uma vez e ia fazer milhares de macumbas pro teu membro cair e ficares careca, mas depois passava Beto. Porque tudo passa, mas a mentira continua sendo mentira por um tanto de tempo que machuca, a gente precisa ouvir, fala, a verdade é muito mais fácil de superar...
-É, sei bem como é.
-Então, foi muito bom te ver, Lia, nem esperava te encontrar. Tenho que ir, beijos linda.
-Tudo bem então, beijos, Beto.

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