sexta-feira, 12 de novembro de 2010

esperançosa Esperança

O vento bateu e derrubou o copo de vidro, que se espatifou em pedaços relativamente grandes e alguns, consideravelmente, pequenos.
Esperança, levantou-se da cadeira e foi catar os pedaços visíveis e os pequenos cataria depois, antes de alguém pisar. Então, quando se ajoelhou e curvou o corpo para pegar os pedaçinhos, sentiu uma sensação de deja vú, como se já houvesse juntado cacos muitas outras vezes e não- definitivamente não- havia sido um sonho. Percebeu, então, que aqueles cacos de vidro eram parecidos com uns tantos cacos que ela havia juntado de seu antigo coraçãozinho de cristal.

Como tantas outras vezes, começou pelos cacos maiores, colocando-os no saco, depois grudou uns bem pequenos nas pontas dos dedos e os quase invisíveis varreu para debaixo do tapete, exatamente como fez com os caquinhos de seu coração, agora não mais de cristal.
Jogou os cacos fora, os do copo, não os do seu coração, esses foram colados com todo o cuidado e destreza que só os donos de corações estraçalhados tem. A experiência forniu firmeza manual e precisão para colar seus cacaréus e o tempo mostrou ser o melhor colador. Andava pensando em trocar seu coração em moisacos por algo mais firme, sólido, forte, que não quebrasse com facilidade ou que nem quebrasse, porque tinha sua vista cansada de tanto alguergar coração.
O coração de Esperança havia se tornado obra humana, não mais de Deus, de tanto que montou e foi desmontado, essas destruições, quase impossíveis de serem evitadas, vão enfraquecendo e Esperança tem medo de perder as estribeiras com esse desmonte todo e quiçá perder, também, sua esperança.

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