sexta-feira, 7 de maio de 2010

Veja bem, querido.

"Veja bem, querido... Falsa? Não, estou sendo sincera, dessa vez foi um querido carinhoso, paciente. Sei, mas espere, deixa eu te falar para que liguei... Não conheço nem a Marilda, quem dirá o João, marido dela. Tudo bem, espero sim..."
Desliguei. Já esperei demais, 27 anos para conhece-lo, três meses para experimenta-lo, um mês para ele voltar de viagem, dois anos para tentar esquece-lo, acho que dois minutos só iriam aumentar a história.
Pois bem, não teria nada de bom a contar mesmo, para ele no caso, porque a história está bem feliz até agora, cortei o cabelo, mas não era isso que ia falar, na verdade ia desmarcar o encontro dessa noite, pensei bem, bastante mesmo e percebi que ainda sou medrosa, tenho medo de destruir o trabalho de dois psicólogos e de noites mal dormidas pensando. Sou mais eu, inteira, nem tanto devido a parte do cabelo, revestida de sinceridade, sorrisos e uma brilhante esperança tranquila, serena. Ainda sou intensa, quem quiser que experimente, mas a intensidade passou a existir pela busca do equilibrio, tranquilidade demais abala qualquer mulher. Agora, para que eu ia contar isso para ele? Tanto faz, talvez ele nem aparecesse mesmo e se aparecesse ia destruir com as minhas expectativas, que demorei tanto construindo um dia antes... Acho que vou ligar para a Ana, ela vai entender do que eu estou falando, afinal depois de casar três vezes você entende o que qualquer pessoa fala.

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