Há muito tempo me despeço todos os dias.
Estou pronta para ir embora:
as malas já feitas à porta, o dinheiro no bolso,
o bilhete na mão e o destino a esperar.
Jurei que só voltaria quando me pedissem
e agora é por isso que não posso mais partir.
Ninguém vai me chamar de volta,
nem nunca vai dizer o quanto me quis.
Serei a única a esparramar na plataforma
a dor de um adeus solitário.
Posso ouvi-la fundida ao ferro dos trilhos,
gemendo por todo o caminho que é assim
que vamos ficar: nos hiatos paralelos repetidos
palmo a palmo até a gente adormecer em tormento.
Sem descanso. Nos vagões ela embala os pesadelos
e o medo de chegar para sempre carregando sozinha
esse peso morto que é o amor não correspondido.
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