Honro minhas lembranças, não desprezo o tempo que dediquei para alguém, não ignoro os poemas que li, não esqueço os sonhos que tive. Na verdade, não tem nada a ver com você, tem a ver com nós. Eu e você separados somos planos diferentes.
Se isso te faz feliz, não irei te esquecer. Não irei jogar pela janela os minutos que construi olhando para você, nem vou apagar tua voz abafada debaixo das cobertas das madrugadas, não vou trocar a cor da sala que escolhemos, não vou mudar os móveis de lugar para tentar acabar com o espaço que sobrou na sua ausência.
Quando penso em você quase nada abala. Dói mais quando penso em nós. E quando penso em nós ainda te amo, por isso não vou trocar teu nome seguido de amor no telefone, pois ainda me incomoda a possibilidade de que encontre alguém melhor, porque ainda me desconcerta a idéia que você possa se abrir para outra pessoa. Mantenho seu nome entre meus favoritos, ainda seu sobrenome assina com o meu no final.
Você parou para pensar que tínhamos quase tudo para sermos felizes? Mas quase ainda era muita coisa na nossa história. O quase incluía o descuido, a pressa, os outros compromissos menos necessários, nunca lembramos da velha frase de que o urgente não é o mais importante. A culpa não foi minha, não foi sua. A culpa foi nossa, veio depois, veio quando não entendemos que estavámos juntos não para dividir, mas para somar.
A felicidade brilha, resplandece no vocabulário. Tem lugar garantido no dicionário, nos sonhos, nos projetos de vida. Sempre pensamos na felicidade como um dia, e não no dia em que nos encontramos e a paixão nos dilacerou. A gente esquece do valor das coisas. Mas eu não vou te esquecer, uma conquista deve ser guardada, pode ser uma pessoa inteira, pode ser um minuto em que os olhos se cruzaram. Cada um sabe o que é valioso para si.
O que conquistei de você me pertence.
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