quinta-feira, 27 de maio de 2010

As coisa pequenas

A frase mais sábia que ouvi essa semana foi: " Mas o picolé gelado me acalma". Minha prima de quatro anos, portadora de necessidades especiais, respondeu isso, quando o mendigo disse que picolé fazia mal... Eu me senti uma criança, porque picolés me acalmam também, o geladinho descendo na garganta faz com que o pensamento no que está errado se esvaia dando lugar à dormência na língua e a preocupação inicial boba, a qual eu sempre tenho, de que posso gripar, mas tanto faz... O picolé gelado me acalma.
Se nós fossemos contar quantas coisas que nos fazem mal dão a sensação de bem-estar, perderíamos um bom tempo de nossas vidas. Coisas como: deixar de fazer o dever de casa para rir um pouco de um filme de comédia, aceitar o convite de um ex-namorado- que te deu um pé na bunda- para sair, tomar banho de chuva descalço na rua, ficar deitado na areia sentindo o sol quente no rosto, os fumantes e alcoolatras entram nessa teoria também.
Coisas pequenas, simples, que alguns fazem de vez em quando e outros fazem quase sempre.
Afinal, coisas pequenas, que fazem bem ou não, são as que preenchem nossas vidas, sabe? São as coisas que, enquanto temos, não nos fazem falta. Essas coisas, que quando faltam, dão aquela sensação de perda, aquele típico caso de "eu não sei o que é, mas sei que tá faltando alguma coisa". São parte desse quebra-cabeça, de infinitas peças, que é a nossa vida, onde a cada dia que passa o número de peças aumenta e a nossa percepção diminui, consequencia da vista cansada de tanto procurar uma peça chave, que completa a figura de um caminho no quebra-cabeça. Uma peça de nome comprido, mas de proporção pequena, a tal peça chave de que todos falamos e que, às vezes, pensamos ter achado: a felicidade.
Eu sempre pensei que felicidade não fosse coisa grande, e que também não fosse para gente grande, porque, quando crianças, ficávamos quase sempre felizes com qualquer besteira, com qualquer bobagem que brilhasse, fizesse barulho ou que fosse diferente. Nessa fase, a de criança, o quebra cabeça ainda falta tanto para ser completo. Essa fase onde as peças ainda são grandes e o diferente é abundante. Fase dos porquês, das manhas, do falar de sentimentos sem saber o que são. Será que uma criança sabe o que é amor? Será que uma criança sente o amor pelo outro? Portanto, de onde vem esses adultos insensíveis e amargurados?
A gente cresce, o número de peças aumenta, o medo de não completar o quebra-cabeça surge e são tantas figuras de caminhos, são tantas figuras, que muitos acham melhor deixar de procurar a peça chave e vão completar seu jogo sem ela, afinal é uma pequena peça, pode não fazer falta.
É então que os que tiveram disciplina, para continuar montando o quebra cabeça e continuar procurando a peça chave, descobrem que a que está faltando pode ser substituída por reservas, pode não encaixar muito bem, mas que não fica tão ruim. É quando isso acontece, que os que souberam aproveitar o tempo, percebem que na caixa do quebra cabeça vem escrito: Felicidade. Os descrentes acham isso uma brincadeira sem graça e que o nome do jogo é esse pela falta da peça. Mas os que sentem, os que acreditam e os que tentam compreender as coisas, tem discernimento suficiente para entender que o nome foi atribuído para a coisa errada e que a felicidade não é uma pequena peça que falta no quebra-cabeça e sim todas as figuras de caminhos que foram construídas, as peças como um todo, e quanto mais caminhos montamos, mais felizes somos e, por fim, descobrimos que a lição é que as pequenas coisas, juntas, são o que tanto procuramos.
Tudo que quero dizer está na ponta dos dedos.
Não faz diferença se você vem amanhã, ou não vem. Desisti de esperar por alguém, cuja ausência me faz companhia.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu quero um amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte o amor feinho é magro,doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala ,faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho não tem ilusào,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.
"Fala sem orgulho ou medo
que a força de pensar em mim sonhou comigo
e passou um dia esquisito,
o coração em sobressaltos à campanhia da porta,
disposto à benignidade, ao ridículo, à doçura.
Fala. Nem é preciso que amor seja a palavra
Penso em você-me diz- e estancarei os féretros, tão grande é minha paixão."
vamos dormir juntos, meu bem,
sem sérias patologias.
meu amor este ar tristonho
que eu faço pra te afligir,
um par de fronhas antigas
onde eu bordei nossos nomes
com ponto cheio de suspiros.
Por fim meu rota vírus de amor passado cristalizou, minha resistência mental está subindo, o que me deixa mais tranquila e pronta para coisas novas. Não é que hoje esteja recusando meu passado ou negando-lhe outra oportunidade- pelo contrário, sempre será bem-vindo- mas não posso ignorar o fato de estar dando prioridade para coisas presentes, que poderão ser futuras, nem fingir que não percebo estar me interessando por outras pessoas.
Ao contrário de antes, ando feliz com essas outras pessoas que encontrei pelo caminho, não são muitas outras, mas o suficiente para me sentir bem e confortável com a ideia de tentar, novamente, engatar algo com alguém. Não, eu não estou me precipitando, são só hipóteses, que não incomodariam se acontecesse ou não, a melhor parte é essa: não incomoda se pode vir a ser, o que importa são as coisas que são.
Hoje, não temos nada pendente, nenhuma palavra não dita que mudaria o sentimento- creio eu- nem desejos incontroláveis que tirariam nosso sono, falo por mim, claro, mas acredito que ele também não tenha. Talvez a única coisa que incomode, ainda, seja a carência ou algo do tipo, mas nada específico a mim, só situações que poderiam ser mais faceis e confortáveis comigo, somente.
Conheci alguém, essa que é uma das verdades para essa mudança de visão, uma pessoa, até então, muito simpática e confortavelmente madura, que me proporcionou alguns momentos de leveza e tranquilidade, não se mostrando invasivo ou insistente demais, mas que apesar disso tudo pareceu estar bem interessado. Claro que me interessou e claro, pensei em algo a mais, porém, pensei sem expectativas, somente com pensamentos sem asas, sabe? Seria como querer plantar mais uma árvore em seu riquíssimo jardim, algo agradável, mas sem prioridades, já que o mais importante é cuidar do que já se tem no jardim, para não perder, certo?
Não espero nada também, o que tiver de ser virá, como consequencia do que fiz, por isso tento fazer coisas boas, não faz sentido?
Tenho que confessar uma coisa. Eu senti um balancê quando meu passado supôs um rolê- provavelmente com segundas intenções- e cheguei a aceitar de um modo sutil, mas depois fiquei com vergonha até mesmo do modo sutil e deixei passar, não insisti, como se fosse papel dele fazer isso, apesar de saber que não é papel de ninguém e que nem é apropriado ter papeis em situações como essas. Deixei passar e não vou sugerir nada por não ser prioridade, lembra? Mas não recusaria se me fosse proposto novamente, não tem nada demais, já nos conhecemos bem e sabemos como funciona algumas coisas na nossa relação e não seria de todo mal rever ele após aquela situação desagradável. Talvez percebesse, de uma vez por todas, que não levamos jeito um com o outro, que não nos agradamos de uma forma realmente agradável, que o tempo e a história nos mudaram, transformando-nos em extremos opostos que não se atraem e nem se completam, talvez percebesse isso...
Mas caso percebessemos o contrário, por que não uma nova oportunidade? Uma oportunidade teste. Se caso aconteça, espero que seja antes de resolver conhecer melhor a pessoa que conheci há pouco tempo, questão de prioridade, lembra? No final fica tudo bem e não importa tanto assim, não acho que ele tenha medo de me perder ou que se sinta incomodado com o fato de eu ter arranjado outra pessoa, talvez ficasse triste por ainda estar sozinho ou feliz por eu já estar com alguém. Mas caso não estivesse tudo bem, caso importasse, por que não uma nova oportunidade? Uma oportunidade teste, até porque prioridades mudam, contanto que valham a pena.