terça-feira, 31 de maio de 2011

Sawabona Shikoba

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. 
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar. A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente. Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem. O homem é um animal que vai mudando o mundo e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...Caso tenha ficado curioso(a) em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM".Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é "ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ"

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Leia até onde puder

Quando aceitamos a ideia de nos dar a alguém, e a partir desse acordo pertencemos a essa pessoa, porque assim foi acertado, porque queres me beijar a mim, se eu não sou a parte que te pertence? Qual é a pretensão que te firma o desejo do que não é teu? Qual a necessidade de mentira na verdade e qual é a necessidade de verdade na mentira? Porque me queres beijar a mim, se a minha boca não é a tua boca e a tua boca não é minha?
Porque há o erro na incerteza do concreto? Porque me beijar é mentir pra mentira anterior e o que faz de uma mentira melhor ou pior que outra? Mentira é mentira até que se prove o contrário e verdade é verdade até que se prove o contrário. Porque há culpa? E porque há satisfação na culpa? E porque há culpa na satisfação?
Se eu, tu e ele somos amor, quem é o maior amor? Se a verdade que é mentira é mentira por ter sido um dia verdade, como há espelhos e inversões, quem é o maior amor: A verdade ou a mentira? Quem é a maior verdade: A mentira ou o amor? Quem é a maior mentira: O amor ou a verdade?
Não há verdade, não há mentira, não há amor. Não há resposta, não há tamanho. Todos nós que aqui chegamos desconstruímos o amor por opção própria, agora o amor acabou, a verdade e a mentira. Acabou a certeza e a convicção, porque verdade é mentira e é amor, porque mentira é amor e é verdade e porque amor é verdade e é mentira. Nós matamos o amor, o amor não existe, e só pela ínfima inexistência, ele existe.
Porque amor é contrário até que se prove amor.
Ou é amor até que se prove o contrário.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Coisas que já me importaram à beça já não me importam nem um pouco, enquanto aquilo que essencialmente sempre teve importância me importa, agora, com mais nitidez. Como deve acontecer com outros tantos aprendizes da coragem, às vezes, cansadíssima das lições e do método pedagógico, eu recordo que a covardia, pelo menos na aparência, é bem mais fácil, bem menos trabalhosa, e, claro, bem mais egoísta, eu já estive lá com muito mais frequência. Mas aí, justo neste ponto, costuma acontecer algo bem bonito: também recordo de cada flor que veio à tona só porque tive coragem de cuidar da semente. Só porque não me acovardei, mesmo que tantas vezes com todo medo do mundo.

sábado, 25 de dezembro de 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Habla Con Ella

Tu mentes pra ti mesma, porque o fazes? Porque mentes pra ti mesma? Porque me culpa, o medo, a falta e a lápide se são todos teus ausentes? Porque desconstruir e desconcertar, fechar-se e humilhar-se à frente do espelho? Porque tens medo? De que tens medo? Todos nós nos machucamos passarinha, todos nós doemos um pouco e é justamente o que te falta aceitar. Precisas doer passarinha, precisas doer a dor que sentiste ao suspirar pela primeira vez em vida, assim segue, pequeña, assim segue, cariño. Não te esconde dos teus anseios porque eles te perseguem até o cansaço, até o desespero, até a morte. Não menospreze a dor, por que dor sendo como é, é sempre e sempre será tua maior aliada, teu abraço afago, mais que qualquer homem viril, mais que qualquer pênis rijo, mais que qualquer clichê “teleno.velado” . Precisas do medo como a maior declaração de amor existente, como a maior palavra-símbolo da história, que são farsas. Abraça as tuas farsas... Abraça tuas farsas com carinho, entende teu medo e o ame, não há nada melhor do que amar o medo, eles se suprem igualmente, diferente do ódio que se engole por si. Não tenhas medo de amar o medo... Não tenha medo de saber que as tuas mentiras são mentiras, que são sujas, que são feias... Abraça tuas farsas porque são o que és. E és linda, cariño... Abraça tuas farsas, abraça tuas farsas ou as facas, de uma vez.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quando Nietzsche chorou

“Com o tempo, eu lhe ensinarei como superar. Você quer voar, mas não se pode começar a voar voando. Primeiro, tenho que lhe ensinar a andar, e o primeiro passo ao aprender a andar é entender que quem não obedece a si mesmo é regido por outros. É mais fácil, muito mais fácil, obedecer a outro do que dirigir a si mesmo.”