sábado, 26 de fevereiro de 2011

Leia até onde puder

Quando aceitamos a ideia de nos dar a alguém, e a partir desse acordo pertencemos a essa pessoa, porque assim foi acertado, porque queres me beijar a mim, se eu não sou a parte que te pertence? Qual é a pretensão que te firma o desejo do que não é teu? Qual a necessidade de mentira na verdade e qual é a necessidade de verdade na mentira? Porque me queres beijar a mim, se a minha boca não é a tua boca e a tua boca não é minha?
Porque há o erro na incerteza do concreto? Porque me beijar é mentir pra mentira anterior e o que faz de uma mentira melhor ou pior que outra? Mentira é mentira até que se prove o contrário e verdade é verdade até que se prove o contrário. Porque há culpa? E porque há satisfação na culpa? E porque há culpa na satisfação?
Se eu, tu e ele somos amor, quem é o maior amor? Se a verdade que é mentira é mentira por ter sido um dia verdade, como há espelhos e inversões, quem é o maior amor: A verdade ou a mentira? Quem é a maior verdade: A mentira ou o amor? Quem é a maior mentira: O amor ou a verdade?
Não há verdade, não há mentira, não há amor. Não há resposta, não há tamanho. Todos nós que aqui chegamos desconstruímos o amor por opção própria, agora o amor acabou, a verdade e a mentira. Acabou a certeza e a convicção, porque verdade é mentira e é amor, porque mentira é amor e é verdade e porque amor é verdade e é mentira. Nós matamos o amor, o amor não existe, e só pela ínfima inexistência, ele existe.
Porque amor é contrário até que se prove amor.
Ou é amor até que se prove o contrário.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Coisas que já me importaram à beça já não me importam nem um pouco, enquanto aquilo que essencialmente sempre teve importância me importa, agora, com mais nitidez. Como deve acontecer com outros tantos aprendizes da coragem, às vezes, cansadíssima das lições e do método pedagógico, eu recordo que a covardia, pelo menos na aparência, é bem mais fácil, bem menos trabalhosa, e, claro, bem mais egoísta, eu já estive lá com muito mais frequência. Mas aí, justo neste ponto, costuma acontecer algo bem bonito: também recordo de cada flor que veio à tona só porque tive coragem de cuidar da semente. Só porque não me acovardei, mesmo que tantas vezes com todo medo do mundo.

sábado, 25 de dezembro de 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Habla Con Ella

Tu mentes pra ti mesma, porque o fazes? Porque mentes pra ti mesma? Porque me culpa, o medo, a falta e a lápide se são todos teus ausentes? Porque desconstruir e desconcertar, fechar-se e humilhar-se à frente do espelho? Porque tens medo? De que tens medo? Todos nós nos machucamos passarinha, todos nós doemos um pouco e é justamente o que te falta aceitar. Precisas doer passarinha, precisas doer a dor que sentiste ao suspirar pela primeira vez em vida, assim segue, pequeña, assim segue, cariño. Não te esconde dos teus anseios porque eles te perseguem até o cansaço, até o desespero, até a morte. Não menospreze a dor, por que dor sendo como é, é sempre e sempre será tua maior aliada, teu abraço afago, mais que qualquer homem viril, mais que qualquer pênis rijo, mais que qualquer clichê “teleno.velado” . Precisas do medo como a maior declaração de amor existente, como a maior palavra-símbolo da história, que são farsas. Abraça as tuas farsas... Abraça tuas farsas com carinho, entende teu medo e o ame, não há nada melhor do que amar o medo, eles se suprem igualmente, diferente do ódio que se engole por si. Não tenhas medo de amar o medo... Não tenha medo de saber que as tuas mentiras são mentiras, que são sujas, que são feias... Abraça tuas farsas porque são o que és. E és linda, cariño... Abraça tuas farsas, abraça tuas farsas ou as facas, de uma vez.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quando Nietzsche chorou

“Com o tempo, eu lhe ensinarei como superar. Você quer voar, mas não se pode começar a voar voando. Primeiro, tenho que lhe ensinar a andar, e o primeiro passo ao aprender a andar é entender que quem não obedece a si mesmo é regido por outros. É mais fácil, muito mais fácil, obedecer a outro do que dirigir a si mesmo.”
“- Noto apenas que estou devastado pelo pensamento de Bertha com outro homem. Por favor, adicione “ciúmes” á lista: é um de meus maiores problemas. Estou infestado por visões dos dois conversando, se tocando, até fazendo amor. Embora tais visões me inflijam grande dor, continuo a me atormentar. Consegue entender uma coisa dessa? Alguma vez experimentou tais ciúmes?”